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PECUÁRIA
Segundo a CNA, em junho produtores receberam R$ 52,58 pela arroba; em julho de 1996, cotação equivalia a R$ 52,79
Boi gordo atinge menor preço da história
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arroba do boi gordo atingiu
em junho o preço mais baixo da
história: R$ 52,58. A constatação é
da CNA (Confederação Nacional
da Agricultura e Pecuária).
"Nunca na história tivemos o
preço [do boi] tão aviltado", afirmou o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de
Corte da CNA, Antenor Nogueira.
O preço mais baixo pago pela
arroba havia sido registrado em
julho de 1996: R$ 52,79, utilizando
o IGP-DI como deflator.
A notícia do recorde negativo
chega junto com outra notícia
ruim para o setor. Estudo da CNA
e do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada da Universidade de São
Paulo) mostra que, no primeiro
semestre deste ano, o preço pago
pelo boi gordo caiu 11,76%, enquanto os custos de produção subiram 5,04%.
O levantamento é feito em nove
Estados, que concentram 77,87%
do rebanho do país. A pesquisa
mostra ainda que, na média, a
mão-de-obra, que representa
23,12% dos custos de produção,
ficou 15,37% mais cara.
Na avaliação da CNA, esse desajuste deve provocar no médio
prazo (um ou dois anos) a queda
de produtividade do setor.
Um dos primeiros efeitos dessa
redução de receita para os pecuaristas está no aumento do abate
de vacas, o que compromete a
produção de bezerros.
Atualmente, o abate das fêmeas
já atinge 40% do rebanho. De
acordo com Nogueira, a média
histórica nacional é de 23%.
Ele afirmou que a "pecuária sucateada" pode atingir as exportações de carne, que registraram
aumento significativo nos primeiros seis meses de 2005, mesmo com a valorização do real.
No período, as remessas do setor ao exterior chegaram a US$
1,424 bilhão, ou 31% mais do que
o registrado no primeiro semestre
do ano passado: US$ 1,088 bilhão.
Em termos de quantidade, o setor
saiu de 802 mil toneladas de janeiro a junho de 2004 para 1,06 milhão de toneladas neste ano.
Nogueira explicou que, no período pós-julho de 1996, quando
foi atingido o antigo preço mais
baixo, as vendas ao exterior não
foram afetadas pois apenas 5% da
produção era destinada às exportações. Atualmente, esse percentual chega a 22%.
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