São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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PECUÁRIA

Segundo a CNA, em junho produtores receberam R$ 52,58 pela arroba; em julho de 1996, cotação equivalia a R$ 52,79

Boi gordo atinge menor preço da história

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A arroba do boi gordo atingiu em junho o preço mais baixo da história: R$ 52,58. A constatação é da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).
"Nunca na história tivemos o preço [do boi] tão aviltado", afirmou o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.
O preço mais baixo pago pela arroba havia sido registrado em julho de 1996: R$ 52,79, utilizando o IGP-DI como deflator.
A notícia do recorde negativo chega junto com outra notícia ruim para o setor. Estudo da CNA e do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo) mostra que, no primeiro semestre deste ano, o preço pago pelo boi gordo caiu 11,76%, enquanto os custos de produção subiram 5,04%.
O levantamento é feito em nove Estados, que concentram 77,87% do rebanho do país. A pesquisa mostra ainda que, na média, a mão-de-obra, que representa 23,12% dos custos de produção, ficou 15,37% mais cara.
Na avaliação da CNA, esse desajuste deve provocar no médio prazo (um ou dois anos) a queda de produtividade do setor.
Um dos primeiros efeitos dessa redução de receita para os pecuaristas está no aumento do abate de vacas, o que compromete a produção de bezerros.
Atualmente, o abate das fêmeas já atinge 40% do rebanho. De acordo com Nogueira, a média histórica nacional é de 23%.
Ele afirmou que a "pecuária sucateada" pode atingir as exportações de carne, que registraram aumento significativo nos primeiros seis meses de 2005, mesmo com a valorização do real.
No período, as remessas do setor ao exterior chegaram a US$ 1,424 bilhão, ou 31% mais do que o registrado no primeiro semestre do ano passado: US$ 1,088 bilhão. Em termos de quantidade, o setor saiu de 802 mil toneladas de janeiro a junho de 2004 para 1,06 milhão de toneladas neste ano.
Nogueira explicou que, no período pós-julho de 1996, quando foi atingido o antigo preço mais baixo, as vendas ao exterior não foram afetadas pois apenas 5% da produção era destinada às exportações. Atualmente, esse percentual chega a 22%.

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