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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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CONCORRÊNCIA

Em nota, multinacional diz respeitar ética

Fabricante do guaraná Dolly leva ao Cade fitas contra a Coca-Cola

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Refrigerantes Dolly -fabricante do guaraná com mesmo nome- entregou ontem ao Ministério da Justiça uma fita de vídeo com a gravação de declarações de um ex-executivo da Panamco (ex-engarrafadora da Coca-Cola no Brasil) em que confessaria um suposto esquema para desestruturar a empresa.
A Refrigerantes Dolly acusa a Coca-Cola de abuso de poder econômico, concorrência desleal, espionagem industrial, corrupção, além de ameaças de morte.
Ontem, o dono da Refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, entregou pessoalmente ao presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), João Grandino Rodas, cópia da fita com as declarações de Luiz Eduardo Capistrano do Amaral, ex-diretor da Panamco.
"Eu acho que a fita não deixa de ser um início de prova, de evidência", afirmou Grandino.
Uma cópia da fita foi entregue ontem também ao DPDE (Departamento de Proteção e Defesa Econômica), ligado à SDE.
Além de repassar a fita, Codonho pediu aos órgãos de defesa da concorrência proteção para os fornecedores de refrigerantes que quiserem prestar depoimento contra a Coca-Cola.
Se houver indícios suficientes, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) poderá abrir processo administrativo para investigar a denúncia. Se os indícios se confirmarem, a SDE pode pedir ao Cade a punição da Coca. Entre as penas, há previsão de multa de até 30% do faturamento da empresa no ano anterior às denúncias.
Na fita, Capistrano conversa com Codonho sobre o suposto esquema. Ele afirma que "o sabor guaraná está ganhando do sabor cola". Em outros diálogos, o ex-diretor afirmaria que sua missão seria "tirar" a Refrigerantes Dolly do mercado.
A Folha procurou Capistrano, em sua casa e em seu escritório, para que se manifestasse sobre o assunto, mas ele não foi achado.
Por meio de nota, a Coca-Cola informou que adota "conduta de relacionamento comercial rigorosamente pautada pelos mais elevados princípios éticos, respeitando as normas legais e a concorrência leal em todos os segmentos em que atua".
Informou ainda que a empresa e seus fabricantes "examinam o teor das acusações para adotar as medidas judiciais cabíveis".


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