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CONCORRÊNCIA
Em nota, multinacional diz respeitar ética
Fabricante do guaraná Dolly leva ao Cade fitas contra a Coca-Cola
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Refrigerantes Dolly -fabricante do guaraná com mesmo nome- entregou ontem ao Ministério da Justiça uma fita de vídeo
com a gravação de declarações de
um ex-executivo da Panamco (ex-engarrafadora da Coca-Cola no
Brasil) em que confessaria um suposto esquema para desestruturar a empresa.
A Refrigerantes Dolly acusa a
Coca-Cola de abuso de poder econômico, concorrência desleal, espionagem industrial, corrupção,
além de ameaças de morte.
Ontem, o dono da Refrigerantes
Dolly, Laerte Codonho, entregou
pessoalmente ao presidente do
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica), João
Grandino Rodas, cópia da fita
com as declarações de Luiz
Eduardo Capistrano do Amaral,
ex-diretor da Panamco.
"Eu acho que a fita não deixa de
ser um início de prova, de evidência", afirmou Grandino.
Uma cópia da fita foi entregue
ontem também ao DPDE (Departamento de Proteção e Defesa
Econômica), ligado à SDE.
Além de repassar a fita, Codonho pediu aos órgãos de defesa da
concorrência proteção para os
fornecedores de refrigerantes que
quiserem prestar depoimento
contra a Coca-Cola.
Se houver indícios suficientes, a
SDE (Secretaria de Direito Econômico) poderá abrir processo administrativo para investigar a denúncia. Se os indícios se confirmarem, a SDE pode pedir ao Cade
a punição da Coca. Entre as penas, há previsão de multa de até
30% do faturamento da empresa
no ano anterior às denúncias.
Na fita, Capistrano conversa
com Codonho sobre o suposto esquema. Ele afirma que "o sabor
guaraná está ganhando do sabor
cola". Em outros diálogos, o ex-diretor afirmaria que sua missão
seria "tirar" a Refrigerantes Dolly
do mercado.
A Folha procurou Capistrano,
em sua casa e em seu escritório,
para que se manifestasse sobre o
assunto, mas ele não foi achado.
Por meio de nota, a Coca-Cola
informou que adota "conduta de
relacionamento comercial rigorosamente pautada pelos mais elevados princípios éticos, respeitando as normas legais e a concorrência leal em todos os segmentos
em que atua".
Informou ainda que a empresa
e seus fabricantes "examinam o
teor das acusações para adotar as
medidas judiciais cabíveis".
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