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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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GRÃOS

Embaixada afirma que faltou articulação para informar governo brasileiro da visita de funcionário que pesquisava doença na BA

EUA culpam má coordenação no caso da soja

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil atribui a uma falta de coordenação com autoridades brasileiras o episódio que envolve um funcionário norte-americano forçado a retornar aos Estados Unidos depois de localizado na região de Barreiras (BA) fazendo pesquisas sobre a doença ferrugem da soja.
Anteontem, Jorge Salim Waquim, chefe de gabinete da Secretaria de Defesa Agropecuária, denunciara o fato que chegou a considerar "bioterrorismo".
A nota oficial da embaixada sobre o episódio não impediu que o deputado Ivan Valente (PT-SP) iniciasse uma articulação para convidar para prestar esclarecimentos ao Congresso tanto a embaixadora Donna Hrinak como o chanceler brasileiro, Celso Amorim, e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
A nota oficial relata que o funcionário, pertencente ao Serviço de Inspeção Animal e Vegetal dos Estados Unidos, já havia estado no Brasil em maio deste ano -antes, portanto, do suposto episódio de bioterrorismo, ocorrido há duas semanas.
Esse relato é contraditório com a informação que o Itamaraty transmitiu à Folha ontem à noite. O Itamaraty diz que "recentemente" o Ministério da Agricultura solicitou que a embaixada brasileira em Washington investigasse os motivos da viagem do funcionário norte-americano ao Brasil em maio.
Segundo a nota da embaixada norte-americana, no entanto, naquela ocasião a visita se dera "com total conhecimento e cooperação do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura (do Brasil), que também ajudou a coordenar visitas in loco", diz a nota.
O funcionário, cujo nome é omitido, voltou agora para participar do Congresso Brasileiro de Fitopatologia e do Congresso Brasileiro da Soja. A nota acrescenta que "ele pretendia consultar seus pares brasileiros e aprender mais sobre as últimas pesquisas científicas sobre ferrugem da soja".
Desta vez, no entanto, a pesquisa não foi coordenada com o Ministério da Agricultura, razão pela qual a embaixada conta ter cancelado a visita e feito o funcionário voltar aos EUA, "em deferência à sensibilidade do ministério em relação a pesquisas nesta área".
A embaixada diz ainda que pretende trabalhar para "assegurar melhor coordenação no futuro".
Não consta na nota, mas a missão informa que o funcionário não colhia esporos, o microorganismo que causa a ferrugem.
A suposta ou real coleta de esporos deu origem à denúncia de Waquim sobre "bioterrorismo".
Segundo Waquim, o esporo é um dos agentes que os Estados Unidos incluem em lista de elementos que podem ser usados no terrorismo biológico. Como, sempre segundo Waquim, o esporo colhido numa área teria que ser expelido para uma nova medição, em outra área, o aparelho poderia estar espalhando a doença.


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