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GRÃOS
Embaixada afirma que faltou articulação para informar governo brasileiro da visita de funcionário que pesquisava doença na BA
EUA culpam má coordenação no caso da soja
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil atribui a uma falta
de coordenação com autoridades
brasileiras o episódio que envolve
um funcionário norte-americano
forçado a retornar aos Estados
Unidos depois de localizado na
região de Barreiras (BA) fazendo
pesquisas sobre a doença ferrugem da soja.
Anteontem, Jorge Salim Waquim, chefe de gabinete da Secretaria de Defesa Agropecuária, denunciara o fato que chegou a considerar "bioterrorismo".
A nota oficial da embaixada sobre o episódio não impediu que o
deputado Ivan Valente (PT-SP)
iniciasse uma articulação para
convidar para prestar esclarecimentos ao Congresso tanto a embaixadora Donna Hrinak como o
chanceler brasileiro, Celso Amorim, e o ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues.
A nota oficial relata que o funcionário, pertencente ao Serviço
de Inspeção Animal e Vegetal dos
Estados Unidos, já havia estado
no Brasil em maio deste ano
-antes, portanto, do suposto
episódio de bioterrorismo, ocorrido há duas semanas.
Esse relato é contraditório com
a informação que o Itamaraty
transmitiu à Folha ontem à noite.
O Itamaraty diz que "recentemente" o Ministério da Agricultura solicitou que a embaixada brasileira em Washington investigasse os motivos da viagem do funcionário norte-americano ao Brasil em maio.
Segundo a nota da embaixada
norte-americana, no entanto, naquela ocasião a visita se dera "com
total conhecimento e cooperação
do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério da
Agricultura (do Brasil), que também ajudou a coordenar visitas in
loco", diz a nota.
O funcionário, cujo nome é
omitido, voltou agora para participar do Congresso Brasileiro de
Fitopatologia e do Congresso Brasileiro da Soja. A nota acrescenta
que "ele pretendia consultar seus
pares brasileiros e aprender mais
sobre as últimas pesquisas científicas sobre ferrugem da soja".
Desta vez, no entanto, a pesquisa não foi coordenada com o Ministério da Agricultura, razão pela
qual a embaixada conta ter cancelado a visita e feito o funcionário
voltar aos EUA, "em deferência à
sensibilidade do ministério em
relação a pesquisas nesta área".
A embaixada diz ainda que pretende trabalhar para "assegurar
melhor coordenação no futuro".
Não consta na nota, mas a missão informa que o funcionário
não colhia esporos, o microorganismo que causa a ferrugem.
A suposta ou real coleta de esporos deu origem à denúncia de
Waquim sobre "bioterrorismo".
Segundo Waquim, o esporo é
um dos agentes que os Estados
Unidos incluem em lista de elementos que podem ser usados no
terrorismo biológico. Como,
sempre segundo Waquim, o esporo colhido numa área teria que
ser expelido para uma nova medição, em outra área, o aparelho poderia estar espalhando a doença.
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