São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Em agosto, R$ 866,7 mi deixaram a Bolsa, maior volume desde junho de 2002; juros e petróleo influenciam

Bovespa vê fuga recorde de estrangeiros

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

Apesar da alta de 2,09% em agosto, a Bovespa registrou no mês passado a maior saída de capital externo desde junho de 2002, período de turbulências com a eleição presidencial. Em agosto, os investidores estrangeiros retiraram cerca de R$ 866,720 milhões da Bolsa paulista.
Foi o terceiro mês consecutivo em que as vendas de ações superaram as compras. Mas, no acumulado do ano, o saldo dos investimentos ainda está positivo, apesar de cair para R$ 1,293 bilhão.
A disparada do preço do petróleo, a possibilidade de uma elevação dos juros brasileiros para conter a inflação e as denúncias que envolvem autoridades do governo Lula são os principais fatores apontados para explicar a maior retirada de recursos nos últimos meses pelos cerca de 7.500 investidores estrangeiros aptos a negociar papéis na principal Bolsa do país.
Os analistas afirmam, no entanto, que a recuperação da economia e a redução de 20% para 15% na alíquota do Imposto de Renda sobre ações, a partir de 1º de janeiro de 2005, podem estimular o retorno dos estrangeiros.
"Desde o ano passado, os estrangeiros compraram muitas ações brasileiras. Agora, eles só estão reduzindo posições porque querem se arriscar menos em meio a um cenário de maior incerteza", afirmou o gestor de renda variável da administradora de recursos Gap, Ivan Guetta.
Em 2003, a Bolsa paulista recebeu um valor líquido recorde de R$ 7,4 bilhões em investimento estrangeiro, após ter contabilizado uma fuga de R$ 1,4 bilhão no ano anterior devido às tensões com o processo eleitoral.
"Alguns estrangeiros estão saindo da Bolsa, mas o dinheiro continua aplicado no país, só que em aplicações mais seguras, como investimentos de renda fixa", disse o diretor da corretora Ágora Senior, Álvaro Bandeira.
Na contramão dos estrangeiros, os investidores domésticos, como bancos, empresas e fundos de pensão, aumentaram suas compras de ações. Em agosto, as instituições financeiras aplicaram R$ 710 milhões. "Há alguns bancos estrangeiros que também já aumentaram suas recomendações", afirmou Guetta.
Ontem, a Bovespa seguiu os ganhos das Bolsas americanas e subiu 0,78%. O dólar teve pequena alta de 0,24% e fechou a R$ 2,940.


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