São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2007

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Renda fixa perde captação e rendimento

Crise financeira global afeta maior categoria do mercado, com 34% do patrimônio da indústria de fundos do Brasil

Alta das taxas de juros futuras, pressionadas pela turbulência nos mercados financeiros, reduziu a rentabilidade da aplicação

DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de renda fixa, considerados um porto seguro por muitos investidores, estiveram entre os que mais sofreram impactos na crise. E não só pela perda de rentabilidade mas pelos fortes saques que a categoria teve nas últimas semanas.
Essa, que é a maior categoria do mercado -concentra 34,1% do patrimônio da indústria de fundos- e que era a recordista de captação de recursos no ano, foi a que teve saques mais pesados nesse período de crise. No mês de agosto, até o dia 28, os saques superaram as aplicações nos fundos de renda fixa em R$ 5,9 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
No ano, até julho, a categoria era líder em aplicações, com captação líquida de R$ 21,58 bilhões no período. O patrimônio líquido da renda fixa está em R$ 358,97 bilhões.
O mesmo movimento que elevou os ganhos dos DI nas últimas semanas fez encolher a rentabilidade dos fundos de renda fixa.
O segmento de renda fixa tem nos títulos públicos e privados prefixados a principal parcela de composição de suas carteiras. Quando ocorrem elevações inesperadas nas taxas futuras de juros, esses títulos prefixados se desvalorizam no mercado e derrubam o retorno dos fundos de renda fixa.
No ano, até o dia 23 de julho, os fundos de renda fixa deram rendimento médio de 6,86%, contra 6,43% dos fundos DI. Entre 24 de julho e 29 de agosto, houve uma inversão: a renda fixa deu 0,86% e os DI, 1,09%.
Os títulos prefixados que formam as aplicações de renda fixa têm sua taxa definida na hora em que são negociados para entrar na carteira dos fundos. Porém, se as taxas de juros futuras dos contratos negociados na BM&F subirem de forma inesperada, os títulos prefixados se desvalorizam, fazendo com que a rentabilidade dos fundos caia.

Esperar
"Quem levou um susto com a renda fixa nessas semanas, mas manteve suas aplicações, deve esperar agora, pois a tendência é o mercado voltar a se normalizar", afirma diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.
Contrariamente à renda fixa, os fundos de ações não sofreram com saques, como era normal ocorrer no passado recente. O investidor mostrou que tem entendido as oscilações da Bolsa de Valores.
No mês passado, até o dia 28, os fundos de ações contabilizaram captação líquida de R$ 844,8 milhões. No ano, as aplicações batem os resgates na categoria em R$ 15,94 bilhões.
Em agosto, depois de acumular perda de 11,4% no pior momento do mês, a Bovespa conseguiu subir 0,84%. Desde o início do período de crise, a Bolsa ainda tem perda, de 5,9%.
O que o investidor não deve esquecer é que a rentabilidade de cada fundo depende das ações que estão em sua carteira. "Houve perdas diferenciadas em cada fundo. Por isso, é importante o investidor selecionar e pesquisar antes de entrar em um fundo de ação", aconselha Eid Júnior. (FV)


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