São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

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ECONOMIA DE GUERRA

Fed diz que atentados ampliaram incerteza e faz 9ª redução da taxa neste ano, que recua para 2,5%

Juro cai nos EUA ao menor nível desde 62

DA REDAÇÃO

O Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) reduziu os juros norte-americanos em meio ponto percentual, para 2,5%. Foi a nona redução das taxas neste ano, numa tentativa de desviar a economia americana do caminho de uma recessão. Os juros dos EUA são, agora, os menores desde maio de 1962, quase 40 anos.
O Fed afirmou, em comunicado, que os atentados terroristas aos Estados Unidos, no dia 11 de setembro, intensificaram as incertezas em relação à economia, que já estava enfraquecida.
"Os gastos de empresas e de consumidores vêm caindo ainda mais", diz a nota.
Ao reduzir os juros para 2,5%, o Fed as levou para níveis menores do que os da inflação, que, até agosto, era de 2,7%.
O corte já era esperado pela maioria dos analistas e teve pouco impacto nas Bolsas. O índice Dow Jones subiu 1,29%, e a Nasdaq, 0,80%. No dia 17 de setembro, o Fed já havia reduzido os juros em meio ponto percentual. Naquele dia, as Bolsas norte-americanas reabriram, depois de ficarem fechadas por quatro dias, após os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono.
A medida, que fez parte de uma ação conjunta com o Banco Central Europeu, que reduziu seus juros de 4,25% para 3,75%, não foi suficiente para impedir a queda da Bolsa de Nova York. Naquele dia, o índice Dow Jones teve a maior queda em pontos de sua história.
Desde então, alguns indicadores pessimistas sobre a economia do país foram divulgados. O número de pedidos de auxílio-desemprego cresceu e muito dinheiro foi perdido com a desvalorização do preço das ações nas Bolsas de Valores. O pior veio na semana passada, quando o Conference Board divulgou que a confiança dos consumidores na economia do país é a menor em cinco anos e meio.
O consumo é responsável por dois terços do PIB dos EUA e a queda do indicador pode ser interpretada como um claro sinal de que o país deve já estar em recessão neste segundo semestre.
Muitos economistas já afirmam que, após crescer apenas 0,3% no segundo trimestre deste ano, a economia americana já está em recessão. A grande questão é saber se os cortes promovidos pelo Fed, que costumam ter o poder de impulsionar os gastos dos consumidores, serão suficientes para mudar a situação com a qual o banco central tem de lidar: um país temeroso de novos ataques terroristas.
Ainda assim, o Fed mantém certo otimismo e classifica o atual momento como incomum: "As perspectivas de longo prazo quanto ao crescimento da produtividade e da economia continuam favoráveis".



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