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CONJUNTURA
Para a S&P, país precisará de US$ 80 bi para fechar as contas; BC rechaça previsão, superior à média de outros bancos
Agência vê Brasil mais vulnerável em 2002
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's
considera o Brasil como um dos
três países de maior vulnerabilidade externa da América Latina.
Em estudo divulgado ontem,
sobre os impactos na América Latina dos atentados terroristas, a
S&P informou que "os países que
estão verdadeiramente expostos"
[à vulnerabilidade externa" são
Brasil, Costa Rica e Panamá.
A agência avalia que as necessidades de financiamento bruto externo -o total de recursos de que
o país necessita para fechar suas
contas- do Brasil para 2002 é de
US$ 80 bilhões.
O BC disse que a necessidade de
US$ 80 bilhões para 2002 é um
número que não existe. O BC reavalia no momento os dados do
balanço de pagamentos, mas afirma que, de forma nenhuma, a necessidade de financiamento chegará a US$ 80 bilhões.
A previsão da S&P é muito superior à média das estimativas
que têm sido divulgadas pelas instituições financeiras instaladas no
Brasil. O BBV Banco, por exemplo, estima que o país precisará de
US$ 52 bilhões no ano que vem
-necessidade que seria financiada sem maiores dificuldades, na
avaliação do banco. Antes dos
atentados, o próprio BC falava em
US$ 50 bilhões.
A S&P projeta que o Brasil vá
receber entre US$ 12 bilhões e
US$ 17 bilhões de investimentos
diretos no ano que vem. Segundo
a agência, do total de amortizações de médio e longo prazos previstas para 2002, só US$ 5 bilhões
são do setor público.
Como o país fechou um novo
acordo com o FMI, no valor aproximado de US$ 15,5 bilhões, o governo não teria maiores problemas para honrar suas dívidas.
Setor privado
O problema seria o setor privado, que tem a maior parte da dívida de médio e longo prazos.
Segundo a analista da S&P Lisa
Schineller, de Nova York, a diferença nas projeções é explicada
pela forma de calcular as dívidas
do setor privado de curto prazo. A
agência considerou na conta da
necessidade de financiamento externo dívidas de médio e longo
prazos que poderiam ser pagas
antecipadamente.
Grande parte das dívidas de
prazos mais longos conta com
cláusulas que permitem o pagamento antecipado.
Para Schineller, o mercado estará muito adverso para empresas
de economias emergentes em
2002. Assim, muitas das companhias não conseguiriam renovar
seus empréstimos, tendo que pagá-los antecipadamente.
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