São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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AVIAÇÃO

Na esteira da retomada econômica, sobem as vendas de bilhetes para empresas

Viagem de negócios volta a decolar

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após amargar longa fase na apertada classe econômica, os executivos estão, aos poucos, voltando para a primeira classe ou para a executiva dos aviões. Também voltam a voar para destinos mais distantes e exóticos, na esteira do boom exportador.
Paralelamente, saltou a taxa de ocupação dos quartos de luxo em hotéis localizados em cidades brasileiras voltadas a negócios, e os gastos em cartões de crédito corporativos cresceram neste ano: é a face operacional da retomada da economia brasileira.
Segundo dados do Favecc (Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais), que representa as agências especializadas em organizar viagens para grandes empresas, como General Motors, IBM e Camargo Corrêa, entre outras, as vendas de bilhetes aéreos nacionais subiram 23,6% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 2003.
O crescimento das passagens internacionais foi ainda maior, de 55,6% na mesma comparação. "Houve maior demanda de passageiros, mas o faturamento cresceu mesmo porque atualmente se viaja para a Índia, Oriente Médio e África do Sul, ou seja, viagens de longa distância que custam mais caro", diz Goiaci Alves Guimarães, presidente do Favecc.
É o otimismo trazido pela explosão das vendas externas, diz ele, o propulsor dessas viagens. "A demanda de empresas brasileiras que nos procuram querendo exportar cresceu mais de 50%", atesta Maria José Ribeiro, 48, da Trust Trading, especialista contratada por empresas para negociar cada etapa de uma operação de exportação e que viaja até dez vezes por ano para países como o Senegal, na África.
O fluxo contrário, de executivos à procura de negócios no Brasil, também cresceu. Os desembarques no país em meses que não são considerados turísticos são um indicador dessa situação: em agosto, 491.916 passageiros chegaram ao país, segundo a Embratur. É o maior número para um mês de agosto desde 98 e o segundo maior desde janeiro deste ano.
Em vôos nacionais, a quantidade de desembarques chegou a 2,88 milhões de pessoas, também recorde para um mês de agosto.

Volta ao luxo
As viagens duram mais tempo, mas, em melhor situação, as empresas podem torná-las mais confortáveis. Na United Airlines, a demanda por passagens de primeira classe cresceu 30% neste ano, afirma Michael Guenther, diretor administrativo financeiro da companhia aérea no Brasil.
"Desde o 11 de Setembro, houve uma grande queda nas compras da primeira e da "business class". A economia mundial também estava ruim", diz. "Agora estamos observando uma grande volta do passageiro para essas classes, no mundo inteiro", afirma.
A TAM diz que observou alta de 18% na primeira classe e executiva de janeiro a agosto deste ano ante o mesmo período de 2003. O mercado corporativo representa cerca de 80% das vendas da aérea.
O "upgrade" é verificado da mesma forma na hotelaria. As diárias em hotéis cinco estrelas em São Paulo, segundo estudo da BSH Internacional, consultoria especializada, subiu 9,26% nos primeiros seis meses do ano ante o mesmo período de 2003. Nos hotéis quatro estrelas, também houve alta, mas menor, de 5,63%.
"A percepção é que, em 2001, 2002 e 2003, as empresas enxugaram seus orçamentos, diminuíram custos. O gerente da empresa não ficava mais em hotel de luxo, era acomodado em um quatro estrelas", diz José Ernesto Marino Neto, presidente da consultoria.
"A migração volta novamente até porque ficar em um hotel de luxo representa um status necessário ao homem de negócios, faz com que ele ganhe pontos na negociação", completa.
Os gastos em cartões corporativos também subiram: segundo dados da American Express, a alta no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2003 foi de 26% para o comércio, 39% para a indústria e 28% para os serviços.
"Os gastos dos cartões são um bom indicador do que acontecerá na economia no futuro, já que eles são um sinal do início do aquecimento nos negócios das empresas", analisa Francisco da Rocha Campos, da área de cartões corporativos da Amex.


Colaborou Marcelo Billi, da Reportagem Local


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