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Fundo de banco externo registra mais saques
Fundo estrangeiro perdeu 18% em quatro meses
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Clientes de fundos ligados a
instituições estrangeiras resgataram mais recursos de suas
aplicações do que os investidores de bancos nacionais em outubro. De junho para cá, o percentual de saques dos estrangeiros tem sido superior ao dobro dos nacionais.
O CEF/FGV (Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas) fez, a pedido da Folha, uma pesquisa sobre captação líquida em fundos
de investimentos. O CEF adotou uma amostra de 752 fundos abertos. Foram excluídos
fundos que tinham problemas
com dados, como, por exemplo,
captação zero em algum mês.
Em 30 de junho deste ano,
data-base do estudo, o patrimônio líquido de fundos ligados a instituições estrangeiras
era de R$ 105,34 bilhões e o de
nacionais, R$ 283,14 bilhões.
Em 20 de outubro, o patrimônio líquido dos estrangeiros
havia caído para R$ 86,049 bilhões, enquanto o dos nacionais recuou para R$ 259,56 bilhões. Uma queda de 18,32%
nos estrangeiros e de 8,33%
nos nacionais, em menos de
quatro meses.
Para especialistas, além do
temor de problemas em bancos
com sede fora do Brasil, há um
movimento de cobertura de
prejuízos. Investidores no exterior têm perdas mais significativas em outros países e, no
caso de necessidade de caixa,
são obrigados a vender os ativos onde a liquidez existe, como no Brasil, e onde as perdas
são menores.
"Vejo duas explicações: de
um lado, investidores com um
pé fora do Brasil, estrangeiros e
multinacionais tiraram para
acertar seu VAR ["Value at
Risk", índice que mede o risco
em uma carteira de investimentos] no exterior ou para
cobrir prejuízos. E de outro lado, brasileiros com medo de
quebra das instituições estrangeiras migraram para [instituições] locais", diz William Eid
Júnior, coordenador do CEF.
Risco
Para Eid Júnior, em fundos
de investimentos não há com o
que se preocupar, porque não
existe risco de crédito.
Em caso de quebra da instituição financeira, os cotistas
elegem um novo administrador
para seguir em frente.
"No meio da crise é melhor
não se mexer. O investidor de
classe média não consegue se
antecipar a certos movimentos,
como à cota negativa [dos fundos]. Não deve sair; quem fica
no fundo, recupera a diferença.
No pânico, os ativos estão mal
precificados. Imagine como está quem comprou dólar a
R$ 2,50 há poucos dias", diz.
Num fundo, o que precisa ser
analisado com atenção por
quem aplica é onde o fundo investe. "Os cotistas de um fundo
correm o risco dos ativos que
compõem as carteiras dos fundos e, não, o risco das empresas", afirma Márcia Dessen, da
consultoria BankRisk. "O gestor presta o serviço de gerir os
recursos financeiros do investidor, por sua conta e risco (do
investidor)."
Quem aplica deve observar o
"mandato" do contrato, o regulamento do fundo, mas é dever
do investidor monitorar essa
gestão e entender o que está
sendo feito com seu patrimônio. A composição detalhada da
carteira dos fundos pode ser
encontrada no site da CVM. Se
for cotista de um fundo FIC, o
investidor deve procurar a carteira do FI. Além disso, pode
pedir explicações ao administrador do fundo.
"Não deve fazer disso uma
exercício de fiscalização no
sentido de procurar riscos não
autorizados ou ainda, fazer disso uma preocupação diária",
diz Dessen.
"O monitoramento da carteira deve ser feito com uma freqüência que deixe o investidor
confortável à medida que percebe que o gestor está fazendo o
que é pago para fazer. Ou o investidor acha que o administrador sabe fazer melhor do que
ele sozinho e permanece na
carteira ou transfere seus recursos para um fundo mais
adequado ao seu perfil e objetivos, ou ainda, gerencia sua própria carteira pessoalmente."
Outras aplicações
No caso de outras aplicações
ou conta corrente, caso o banco
quebre no exterior, "credor de
um banco estrangeiro é credor
aqui e lá. O risco é o mesmo",
afirma Dessen.
"Pode acontecer de outro
banco se interessar por comprar a operação desse banco estrangeiro no Brasil e seguir em
frente, como ocorreu com o
Itaú que comprou a operação
do antigo BankBoston no Brasil, por outras razões."
No caso de falência da instituição financeira, a perda com
dinheiro em conta corrente, caderneta de poupança e CDBs
(Certificado de Depósito Bancário), dentre outras aplicações
tem cobertura do Fundo Garantidor de R$ 60 mil por CPF
ou CNPJ.
Fundos não têm essa garantia porque podem ser transferidos para outro administrador.
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