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CRISE NO AR
BNDES "não é um hospital de empresa", mas pode financiar outras que possam comprar a aérea, diz ministro
Mantega descarta verba do banco à Varig
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atual Varig não irá receber dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), segundo o recém-empossado presidente da instituição, Guido Mantega.
Ex-ministro do Planejamento,
ele afirmou que o banco só irá
emprestar recursos para empresas interessadas em absorver a
maior companhia aérea do país.
"Não há nenhuma solicitação
para que o banco financie a Varig.
[O BNDES] Não é um hospital de
empresa, mas poderá financiar
empresas que possam vir a absorver esse patrimônio", disse Mantega, ao anunciar a nova diretoria
da instituição.
A declaração de Mantega sobre
o papel do BNDES -"não é hospital de empresa"- é a negação
da política de seu antecessor no
cargo, Carlos Lessa. No discurso
de posse e posteriormente, Lessa
disse que o banco continuaria a
funcionar como um hospital, como havia feito nos anos 70 e 80.
"É necessário esclarecer que a
instituição foi hospital de empresas, não de empresários. Não faz
sentido que um banco de desenvolvimento assista ao sucateamento e destruição de frações
produtivas importantes da economia nacional", afirmou Lessa
em 17 de janeiro de 2003, no discurso de posse no BNDES.
Mantega deixou claro que, como tem admitido o governo desde o início das negociações, não
emprestará dinheiro à atual Varig, controlada pela Fundação Rubem Berta, pois a empresa não teria condições de pagar o financiamento.
"Se for feito [algum aporte para
a Varig], será feito dentro dos
moldes e padrões do banco, que é
financiar empresas que têm uma
situação sólida e que podem restituir o dinheiro para o banco", disse o presidente.
De acordo com ele, a idéia é emprestar dinheiro para companhias aéreas nacionais que estejam interessadas em comprar o
patrimônio da Varig. Mantega
afirmou que até agora não se reuniu com dirigentes das empresas
candidatas.
"Ainda não conversei com nenhum dos representantes dessas
empresas [referindo-se à TAM e à
Gol] , mas estou aberto se houver
interesse por parte delas."
Liquidação
Anteontem, o vice-presidente e
ministro da Defesa, José Alencar,
admitiu à Folha que a saída para
salvar a Varig envolveria a liquidação extrajudicial da empresa. O
governo é o principal credor da
companhia e, com a liquidação,
passaria a controlar o processo de
saneamento e afastaria a Fundação Rubem Berta da direção.
Alencar também confirmou
que a TAM e a Gol participam das
negociações e poderiam assumir
o controle da "nova Varig". O ministro disse, no entanto, que não
poderia falar sobre o interesse das
duas empresas no negócio.
De acordo com o que a Folha
apurou, o governo estaria disposto a colocar entre R$ 1 bilhão e R$
1,5 bilhão do BNDES no programa desenhado para salvar a operação da Varig. O objetivo do governo é manter a marca e as linhas
domésticas e internacionais operadas atualmente pela empresa
em regime de concessão. A intenção é também preservar o máximo de empregos e o fundo de
pensão (Aerus).
Ontem, Mantega afirmou que o
governo não tem uma proposta
fechada para intervir na Varig.
"Ainda não está definido pelo governo qual será a forma de viabilizar a manutenção desse importante patrimônio."
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