São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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CRISE NO AR

BNDES "não é um hospital de empresa", mas pode financiar outras que possam comprar a aérea, diz ministro

Mantega descarta verba do banco à Varig

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A atual Varig não irá receber dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), segundo o recém-empossado presidente da instituição, Guido Mantega.
Ex-ministro do Planejamento, ele afirmou que o banco só irá emprestar recursos para empresas interessadas em absorver a maior companhia aérea do país.
"Não há nenhuma solicitação para que o banco financie a Varig. [O BNDES] Não é um hospital de empresa, mas poderá financiar empresas que possam vir a absorver esse patrimônio", disse Mantega, ao anunciar a nova diretoria da instituição.
A declaração de Mantega sobre o papel do BNDES -"não é hospital de empresa"- é a negação da política de seu antecessor no cargo, Carlos Lessa. No discurso de posse e posteriormente, Lessa disse que o banco continuaria a funcionar como um hospital, como havia feito nos anos 70 e 80.
"É necessário esclarecer que a instituição foi hospital de empresas, não de empresários. Não faz sentido que um banco de desenvolvimento assista ao sucateamento e destruição de frações produtivas importantes da economia nacional", afirmou Lessa em 17 de janeiro de 2003, no discurso de posse no BNDES.
Mantega deixou claro que, como tem admitido o governo desde o início das negociações, não emprestará dinheiro à atual Varig, controlada pela Fundação Rubem Berta, pois a empresa não teria condições de pagar o financiamento.
"Se for feito [algum aporte para a Varig], será feito dentro dos moldes e padrões do banco, que é financiar empresas que têm uma situação sólida e que podem restituir o dinheiro para o banco", disse o presidente.
De acordo com ele, a idéia é emprestar dinheiro para companhias aéreas nacionais que estejam interessadas em comprar o patrimônio da Varig. Mantega afirmou que até agora não se reuniu com dirigentes das empresas candidatas.
"Ainda não conversei com nenhum dos representantes dessas empresas [referindo-se à TAM e à Gol] , mas estou aberto se houver interesse por parte delas."

Liquidação
Anteontem, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, admitiu à Folha que a saída para salvar a Varig envolveria a liquidação extrajudicial da empresa. O governo é o principal credor da companhia e, com a liquidação, passaria a controlar o processo de saneamento e afastaria a Fundação Rubem Berta da direção.
Alencar também confirmou que a TAM e a Gol participam das negociações e poderiam assumir o controle da "nova Varig". O ministro disse, no entanto, que não poderia falar sobre o interesse das duas empresas no negócio.
De acordo com o que a Folha apurou, o governo estaria disposto a colocar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão do BNDES no programa desenhado para salvar a operação da Varig. O objetivo do governo é manter a marca e as linhas domésticas e internacionais operadas atualmente pela empresa em regime de concessão. A intenção é também preservar o máximo de empregos e o fundo de pensão (Aerus).
Ontem, Mantega afirmou que o governo não tem uma proposta fechada para intervir na Varig. "Ainda não está definido pelo governo qual será a forma de viabilizar a manutenção desse importante patrimônio."


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