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Setor de autopeças deve cortar
8.200 vagas até o fim do ano
Empresas se preparam para aperto maior em 2009
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor de autopeças prevê
cortar 8.200 postos de trabalho
até o final deste ano e chegar a
dezembro empregando 223,7
mil trabalhadores. Em setembro, o número de funcionários
chegou a 231,9 mil, mês em que
foi registrado o maior nível de
emprego no setor.
As demissões foram apontadas em sondagem com 95 empresas associadas ao Sindipeças (sindicato que reúne a indústria nacional de componentes para veículos), responsáveis
por 41% do faturamento do setor, e refletem o impacto da crise financeira mundial.
Com a queda de encomendas
das montadoras para as autopeças e a redução das exportações, o setor já revê os planos de
contratações, faturamento e
investimentos previstos.
Se o corte de vagas se confirmar, o setor deverá registrar
crescimento do emprego em
torno de 3,2%, e não mais em
torno de 9%, como previa, se
considerados os números de
empregados em setembro deste ano (231,9 mil) e de igual mês
do ano passado (212,2 mil).
As autopeças informaram
que vão conceder férias coletivas por um período de 16 dias
durante este mês. Os investimentos programados para
2009 serão reduzidos, segundo
46% das empresas consultadas,
e mantidos por 48% delas. Apenas 6% têm a intenção de aumentar os investimentos.
O faturamento do setor, previsto para crescer 9,6% neste
ano em relação ao ano passado,
foi revisado e deve chegar a R$
74,4 bilhões neste ano.
"O primeiro trimestre do ano
que vem será muito difícil",
afirma Paulo Butori, presidente do Sindipeças, que montou
uma equipe para estudar medidas para amenizar os efeitos da
crise no setor.
Os sindicatos de trabalhadores têm a mesma opinião. A
queda nas vendas de veículos,
de 25% em novembro na comparação com outubro, deve
atingir o emprego no setor automotivo a partir de 2009. A intensidade desse impacto vai depender ainda dos resultados
das vendas neste mês, segundo
avaliam os sindicalistas.
"A queda nas vendas em novembro não nos surpreendeu
porque o consumidor ainda enfrenta dificuldades para financiar a compra de carro novo, e o
de usado é praticamente inexistente. Os R$ 8 bilhões liberados pelos governos federal e estadual ainda não chegaram ao
consumidor", diz Sérgio Nobre,
presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC (CUT).
"As empresas esgotam todas
as possibilidades, como concessão de férias coletivas e uso de
banco de horas, antes de tomar
qualquer medida mais drástica,
como demitir", afirma Nobre.
Na estimativa da CNM-CUT
(Confederação Nacional dos
Metalúrgicos), 70 mil metalúrgicos estarão em férias coletivas neste mês, considerando os
empregados de montadoras e
de outros setores -autopeças,
mineração, siderurgia, motocicletas e eletroeletrônicos.
Em São Paulo, o sindicato da
categoria informa que, dos 260
mil metalúrgicos representados pela entidade, devem entrar em férias coletivas 8.900
de 160 empresas -a maior parte dos pedidos feitos até ontem
de descanso coletivo se concentra no período de 22 de dezembro a 5 de janeiro.
"Consideramos o número
pequeno em relação à quantidade de metalúrgicos em nossa
base, sinal de que a crise ainda
não chegou ao emprego do setor. Nosso temor é em relação
ao primeiro trimestre de 2009,
época em que tradicionalmente as vendas já são mais fracas",
diz Miguel Torres, presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo (Força Sindical).
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