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Fiesp defende proteção à indústria contra importado
Skaf diz que crise global deve levar produtores a buscarem mercado brasileiro
Presidente da Fiesp diz que Banco Central deveria cortar juros e usar instrumentos para pressionar os
bancos a reduzir taxas
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, afirma que os problemas de restrição do crédito e de elevação dos
juros provocados pela crise financeira foram os principais
responsáveis pelo resultado
negativo da produção industrial em outubro, mas sua
maior preocupação é com os
próximos meses.
Para Paulo Skaf, além de se
preocupar em ajudar a irrigar o
crédito na economia, o governo
deveria também começar a
prestar atenção à ameaça de
uma invasão de produtos importados no país. Ele defende a
adoção de medidas para "preservar" (ele evita a palavra proteção) a indústria no país.
"O governo deveria adotar
medidas para preservar o nosso
mercado contra o crescimento
das importações e provocar desemprego", diz Skaf. "O Brasil
não pode exportar emprego."
Ao ser questionado se essa
sua proposta significa a adoção
de medidas protecionistas,
Skaf diz que considera protecionismo uma palavra muito
forte.
Ele prefere falar em preservação, mas o que ele quer dizer
não é muito diferente. Skaf não
cita quais medidas seriam. "O
governo sabe quais medidas de
defesa comercial devem ser tomadas", afirma ele.
A preocupação de Skaf é que,
diante da recessão que se alastra por diversas partes do mundo, principalmente nos países
desenvolvidos, o mercado brasileiro comece a sofrer uma invasão de importados.
Segundo o presidente da
Fiesp, esse risco não passa de
uma ameaça por enquanto.
Trata-se, a seu ver, de uma
preocupação para os próximos
meses. O resultado da indústria
de outubro não foi influenciado
pelas importações.
De acordo com Skaf, os problemas com o crédito foram
mesmo os principais responsáveis pela queda da indústria em
outubro. Ele cita principalmente o aumento do custo do
crédito, já que os setores que
apresentaram maior queda foram os de bens duráveis, que
dependem de financiamento,
como é o caso da indústria automobilística.
Para o presidente da Fiesp, o
Banco Central, além de baixar a
taxa básica de juros, deveria
também usar as ferramentas
que dispõe para pressionar os
bancos a reduzirem os juros.
Skaf não poupa nem o Banco do
Brasil.
"Não faz sentido o país ter
uma inflação de 6% e o Banco
do Brasil cobrar juros de 40% a
50% nos empréstimos de capital de giro", diz Skaf.
O presidente da Fiesp afirma
que o governo possui instrumentos para irrigar o crédito
no país, inclusive as linhas externas. Segundo ele, as taxas
cobradas pelos bancos pelas linhas de ACC (antecipação de
contratos de câmbio) variam de
6% a 20%, dependendo da instituição. O governo, a seu ver,
deveria adotar medidas para
ampliar as linhas de ACC.
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