São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Fiesp defende proteção à indústria contra importado

Skaf diz que crise global deve levar produtores a buscarem mercado brasileiro

Presidente da Fiesp diz que Banco Central deveria cortar juros e usar instrumentos para pressionar os bancos a reduzir taxas


GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirma que os problemas de restrição do crédito e de elevação dos juros provocados pela crise financeira foram os principais responsáveis pelo resultado negativo da produção industrial em outubro, mas sua maior preocupação é com os próximos meses.
Para Paulo Skaf, além de se preocupar em ajudar a irrigar o crédito na economia, o governo deveria também começar a prestar atenção à ameaça de uma invasão de produtos importados no país. Ele defende a adoção de medidas para "preservar" (ele evita a palavra proteção) a indústria no país.
"O governo deveria adotar medidas para preservar o nosso mercado contra o crescimento das importações e provocar desemprego", diz Skaf. "O Brasil não pode exportar emprego."
Ao ser questionado se essa sua proposta significa a adoção de medidas protecionistas, Skaf diz que considera protecionismo uma palavra muito forte.
Ele prefere falar em preservação, mas o que ele quer dizer não é muito diferente. Skaf não cita quais medidas seriam. "O governo sabe quais medidas de defesa comercial devem ser tomadas", afirma ele.
A preocupação de Skaf é que, diante da recessão que se alastra por diversas partes do mundo, principalmente nos países desenvolvidos, o mercado brasileiro comece a sofrer uma invasão de importados.
Segundo o presidente da Fiesp, esse risco não passa de uma ameaça por enquanto. Trata-se, a seu ver, de uma preocupação para os próximos meses. O resultado da indústria de outubro não foi influenciado pelas importações.
De acordo com Skaf, os problemas com o crédito foram mesmo os principais responsáveis pela queda da indústria em outubro. Ele cita principalmente o aumento do custo do crédito, já que os setores que apresentaram maior queda foram os de bens duráveis, que dependem de financiamento, como é o caso da indústria automobilística.
Para o presidente da Fiesp, o Banco Central, além de baixar a taxa básica de juros, deveria também usar as ferramentas que dispõe para pressionar os bancos a reduzirem os juros. Skaf não poupa nem o Banco do Brasil.
"Não faz sentido o país ter uma inflação de 6% e o Banco do Brasil cobrar juros de 40% a 50% nos empréstimos de capital de giro", diz Skaf.
O presidente da Fiesp afirma que o governo possui instrumentos para irrigar o crédito no país, inclusive as linhas externas. Segundo ele, as taxas cobradas pelos bancos pelas linhas de ACC (antecipação de contratos de câmbio) variam de 6% a 20%, dependendo da instituição. O governo, a seu ver, deveria adotar medidas para ampliar as linhas de ACC.


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