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TIM Brasil não deve ser vendida, dizem acionistas
Alternativa pode ser a venda da rede fixa na Itália
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os acionistas da TI (Telecom
Italia) recebem hoje um comunicado com as propostas do
conselho de administração para tentar reduzir a dívida da
maior empresa de telefonia da
Itália, que atinge 36 bilhões.
Segundo o jornal italiano "Il
Sole 24 Ore", uma das idéias
para injetar recursos rapidamente no caixa seria a venda
dos ativos da empresa no exterior, incluindo a TIM Brasil,
por cerca de 7 bilhões.
Segundo o presidente da
Asati (Associação dos Acionistas Minoritários da TI), Franco
Lombardi, os 2.500 acionistas
(80% deles funcionários) são
contrários à venda das subsidiárias. Para eles, a proposta
correta seria a criação de uma
nova empresa - com a infra-estrutura da rede fixa- que seria vendida. "Cerca de 40%
dessa nova companhia ficaria
com um fundo ligado ao governo, e o restante, vendido a um
investidor", diz Lombardi.
A restrição a essa proposta
seria a redução dos dividendos
no médio prazo. Mas como, há
anos, eles vêem os preços das
ações da TI caírem, há chances
de que se chegue a um consenso a partir dessa proposta. No
final de 2007, uma ação da TI
valia 2,15. Hoje, a cotação é
de cerca de 1.
Marco Fossati, um dos acionistas que participaram da reunião de apresentação do plano
industrial da TI realizada ontem em Londres, afirmou que a
divisão da tele é aceitável, afinal ela também leva em conta
um aumento de capital. Fossati
é sócio da Findim Investments,
que possui 5% do capital da TI.
Estima-se que a criação dessa nova empresa renderia cerca
de 6 bilhões. Metade seria investida na construção de uma
nova rede de fibra ótica. O restante abateria dívidas.
Aval do governo
Um documento da Comissão
de Transportes, Correios e Comunicações da Câmara dos Deputados do Parlamento Italiano pede urgência na solução
desse embate. "Devemos intervir [na separação das empresas,
incluindo a TI] entre 12 e 18
meses", diz Mario Valducci,
presidente da comissão.
A pedido do governo, Valducci fez um estudo do setor. O relatório final ainda não foi apresentado, mas ele considera que
a falta de investimentos na rede
de fibras óticas comprometerá
o acesso à banda larga no país.
A comissão recomenda que
as redes fixas sejam abertas para que todos os operadores possam utilizá-la, pagando aluguel
à concessionária. Isso se chama
desagregação de rede ("unbundling"). Para Valducci, isso trará serviços de melhor qualidade porque o sistema facilita a
competição entre as empresas.
A British Telecom adotou esse
modelo e se tornou uma das
mais lucrativas da Europa.
Ainda segundo Valducci, a
Autoridade Regulatória Italiana determinou que a desagregação seja feita. "Cabe à Telecom Italia decidir o próximo
passo", diz Valducci. É essa a
proposta que os acionistas da
TI esperam receber pelo comunicado de hoje. "A venda da
TIM Brasil está fora de cogitação", diz Lombardi. Para ele, a
entrada de novos investidores e
a geração de receita com a separação da rede poderia, no longo
prazo, melhorar o preço das
ações e os dividendos.
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