São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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TIM Brasil não deve ser vendida, dizem acionistas

Alternativa pode ser a venda da rede fixa na Itália

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os acionistas da TI (Telecom Italia) recebem hoje um comunicado com as propostas do conselho de administração para tentar reduzir a dívida da maior empresa de telefonia da Itália, que atinge 36 bilhões.
Segundo o jornal italiano "Il Sole 24 Ore", uma das idéias para injetar recursos rapidamente no caixa seria a venda dos ativos da empresa no exterior, incluindo a TIM Brasil, por cerca de 7 bilhões.
Segundo o presidente da Asati (Associação dos Acionistas Minoritários da TI), Franco Lombardi, os 2.500 acionistas (80% deles funcionários) são contrários à venda das subsidiárias. Para eles, a proposta correta seria a criação de uma nova empresa - com a infra-estrutura da rede fixa- que seria vendida. "Cerca de 40% dessa nova companhia ficaria com um fundo ligado ao governo, e o restante, vendido a um investidor", diz Lombardi.
A restrição a essa proposta seria a redução dos dividendos no médio prazo. Mas como, há anos, eles vêem os preços das ações da TI caírem, há chances de que se chegue a um consenso a partir dessa proposta. No final de 2007, uma ação da TI valia 2,15. Hoje, a cotação é de cerca de 1.
Marco Fossati, um dos acionistas que participaram da reunião de apresentação do plano industrial da TI realizada ontem em Londres, afirmou que a divisão da tele é aceitável, afinal ela também leva em conta um aumento de capital. Fossati é sócio da Findim Investments, que possui 5% do capital da TI.
Estima-se que a criação dessa nova empresa renderia cerca de 6 bilhões. Metade seria investida na construção de uma nova rede de fibra ótica. O restante abateria dívidas.

Aval do governo
Um documento da Comissão de Transportes, Correios e Comunicações da Câmara dos Deputados do Parlamento Italiano pede urgência na solução desse embate. "Devemos intervir [na separação das empresas, incluindo a TI] entre 12 e 18 meses", diz Mario Valducci, presidente da comissão.
A pedido do governo, Valducci fez um estudo do setor. O relatório final ainda não foi apresentado, mas ele considera que a falta de investimentos na rede de fibras óticas comprometerá o acesso à banda larga no país.
A comissão recomenda que as redes fixas sejam abertas para que todos os operadores possam utilizá-la, pagando aluguel à concessionária. Isso se chama desagregação de rede ("unbundling"). Para Valducci, isso trará serviços de melhor qualidade porque o sistema facilita a competição entre as empresas. A British Telecom adotou esse modelo e se tornou uma das mais lucrativas da Europa.
Ainda segundo Valducci, a Autoridade Regulatória Italiana determinou que a desagregação seja feita. "Cabe à Telecom Italia decidir o próximo passo", diz Valducci. É essa a proposta que os acionistas da TI esperam receber pelo comunicado de hoje. "A venda da TIM Brasil está fora de cogitação", diz Lombardi. Para ele, a entrada de novos investidores e a geração de receita com a separação da rede poderia, no longo prazo, melhorar o preço das ações e os dividendos.


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