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BC autônomo cria "saia justa" no PT
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A resistência de deputados do
PT à proposta de autonomia do
Banco Central, com mandatos para os seus dirigentes, levou o novo
líder do partido na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), a marcar um
seminário na bancada, com a presença do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), para buscar
uma posição de consenso.
Na reunião da nova bancada,
ontem, vários deputados criticaram a proposta do governo. O
próprio líder afirmou ser contra
que "a política monetária governe
o país" e admitiu que esse é um tema "polêmico" na bancada, mas
disse que o partido "vai sustentar"
o governo Lula e que haverá uma
posição consensual entre a bancada e o governo.
O ex-líder da bancada e candidato a presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (SP), procurou minimizar a crise, afirmando que a
bancada quer primeiro "conhecer
exatamente o que é autonomia, o
que é independência e quais os limites da lei que diferencie um termo do outro". O governo vai enviar um projeto de lei ao governo,
chamado de "Lei de Responsabilidade Monetária", propondo a autonomia do BC.
João Paulo reconhece que ele
mesmo precisa de mais informações. "O que é autonomia operacional? Porque se for uma autonomia que não implique definir
política econômica do governo,
não tem problema nenhum."
Um dos mais críticos à proposta
era o deputado Babá (PA), do
grupo de esquerda Corrente Socialista dos Trabalhadores. "Não
podemos deixar o capital financeiro tomar conta da política econômica. A autonomia do BC leva
a isso. O FMI [Fundo Monetário
Internacional" passou oito anos
sem nem sequer discutir a autonomia do BC. E agora estão exigindo autonomia".
Babá afirmou que não foi convencido pelos argumentos de Palocci. "Ele disse que seria uma sinalização positiva para o mercado. Uma sinalização aos investidores de que eles receberão o seu
dinheiro, o que traria novos investimentos."
O deputado disse que vai manter a sua posição em plenário.
Lindberg Farias (RJ), ex-integrante do PSTU, afirmou que a autonomia representa "abrir mão da
condução da política econômica".
"A discussão não será fácil na
bancada. Há um sentimento majoritário para rejeitar o mandato
fixo para os dirigentes."
Presente à reunião, o senador
Eduardo Suplicy (SP) ficou indeciso sobre a autonomia do BC.
"No estágio atual, tenho dúvidas."
A deputada eleita Maninha
(DF) afirmou que o problema está
no conceito de autonomia. "A política econômica quem determina
é o ministro da Fazenda. O BC
não pode formular política".
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