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TRABALHO
Projeto de lei está no Senado aguardando votação, mas novo ministro quer retirá-lo; Força pode pedir "gatilho"
Centrais concordam em parar reforma na CLT
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL E
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proposta do ministro do Trabalho Jaques Wagner de engavetar o projeto de mudança na
CLT(Consolidação das Leis do
Trabalho) foi bem recebida por
algumas das principais centrais
sindicais do país.
O ministro pediu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a
retirada do Senado do projeto enviado por Fernando Henrique
Cardoso que flexibiliza as regras
da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho). O presidente, no entanto, ainda não decidiu o que fazer. Wagner tem afirmado que
não é intenção do governo aprovar a reforma trabalhista em 2003.
Para a CUT (Central Única dos
Trabalhadores), que fez campanha contra o projeto de flexibilização da CLT, o engavetamento
do projeto é motivo para comemoração. Porém, o presidente da
instituição, João Felício, se declara
favorável a reformas na legislação
trabalhista. "Não somos contra
reformas na CLT. Somos contra o
projeto que está no Senado e contra a flexibilização de direitos históricos, como 13º salário, licença
maternidade, por exemplo".
Apesar de ter apoiado o projeto
do governo FHC, a Força Sindical
disse não ser contra o engavetamento do projeto de lei."Se for
para reformular, estamos de acordo, mas o projeto como está não
prejudica nenhum trabalhador",
declarou o presidente Paulo Pereira da Silva.
A SDS (Social Democracia Sindical), que também apoiou o projeto de lei, afirmou que engavetar
o projeto pode ser bom.
"O projeto era melhor que nada,
mas era insuficiente", disse o presidente Enilson de Moura.
Em linhas gerais, as centrais sindicais têm posições semelhantes
com relação ao eventual engavetamento do projeto de lei, mas as
propostas divergem.
Nos moldes desse projeto, os
acordos coletivos estabelecidos
entre trabalhadores e empresas
prevaleceriam sobre a CLT.
Divergências
Segundo Felício, essa medida
acabaria por levar à perda gradual
dos direitos adquiridos devido à
fragilidade do sistema sindical.
Para a CUT, a reformulação da
CLT passaria pela instituição de
contratos coletivos de trabalho,
que estabeleceriam os pisos e os
critérios para a evolução funcional para cada categoria. Primeiramente, as medidas seriam decididas regionalmente antes de criar
um patamar nacional. A proposta
também é defendida pela Força
Sindical.
Na questão da flexibilização dos
direitos trabalhistas, porém, não
há consenso. A Força e a SDS defendem flexibilização de 13º e de
férias, por exemplo, como meios
para gerar mais empregos e desonerar a produção. A CUT e a CGT,
entretanto, são contrárias. "A flexibilização de direitos não é garantia de mais emprego", diz Felício. A opinião é corroborada pelo
ministro do Trabalho.
As centrais informaram que
pretendem se reunir individualmente com o ministro para apresentar as propostas.
Negociações salariais
Com relação às negociações salariais, a CUT espera a avaliação
do desempenho da inflação no
primeiro trimestre deste ano, mas
em princípio não vê necessidade
de antecipação das datas-base.
Para Paulinho, no entanto, o
mecanismo será necessário. "Em
princípio o uso de gatilho salarial
está descartado, mas, se as perdas
salariais forem constantes, podemos reivindicar a sua adoção".
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