São Paulo, Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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ENCONTRO EM CANCÚN
Para diretor-gerente do FMI, reformas para garantir a estabilidade são mais importantes
Camdessus rechaça dolarização na AL

MALU GASPAR
enviada especial a Cancún

O diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, afirmou ontem que a dolarização das economias, apesar de "estar na moda e parecer atrativa", não é a solução adequada para boa parte dos países da América Latina. Na opinião dele, mais importante que uma mudança de moeda seriam as reformas estruturais promovidas pelos países para garantir a estabilidade econômica.
Camdessus disse que é esse o caso do Equador, que adotou no mês passado o dólar como moeda. "Não propusemos (a dolarização) nem nos parece a solução mais adequada para o Estado de coisas no país, mas o Equador é um país soberano."

Argentina
Camdessus ainda negou que o FMI tivesse proposto a adoção do dólar como moeda na Argentina para proteger o peso da desvalorização. A informação foi publicada anteontem pelo jornal argentino "Página 12". Ele afirmou que o estudo publicado pelo jornal foi produzido para um seminário acadêmico e não tem efeito de sugestão do órgão.
Para ele, a economia da Argentina, assim como a dos outros países da América Latina, tem fôlego suficiente para resistir à recente alta dos juros definida anteontem pelo banco central dos Estados Unidos e não deve enfrentar fuga de capitais.
"A alta de ontem foi muito moderada. Além disso, a captação de recursos externos no continente não depende tanto das taxas de juro norte-americanas, mas da continuação das políticas de ajuste macroeconômico e das reformas estruturais."

Crescimento maior
Michel Camdessus afirmou que há força suficiente para que o continente tenha em 2000 uma taxa de crescimento de 4% neste ano, 1% a mais do que havia sido previsto no ano passado para o mesmo período.
As declarações foram feitas no 3º Encontro de Ministros da Fazenda do Hemisfério Ocidental, em Cancún, no México.
Além de Camdessus, em final de mandato no FMI, estiveram reunidos com 34 ministros da Fazenda do continente James Wolfensohn, presidente do Banco Mundial, Enrique Iglesias, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e Cesar Gavíria, da OAS (Organização dos Estados Americanos).

Combate à pobreza
Todos citaram a importância do combate à pobreza como forma de sustentar o crescimento econômico e afirmaram que protestos de ONGs durante a última reunião d a Organização Mundial do Comércio "não podem ser ignorados nem considerados uma mera reunião de radicais", nas palavras de Wolfensohn.
No entanto os discursos foram na linha de que é preciso mostrar as vantagens da globalização e fazer com que todos possam se aproveitar delas.


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