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ENTENDA
Incerteza nos EUA pode elevar déficit nas contas
DA REPORTAGEM LOCAL
As incertezas que cercam a
economia norte-americana podem contribuir para aumentar
o rombo nas contas externas
brasileiras. Uma recessão na
maior economia no mundo
significaria menos dólares destinados ao Brasil e menor procura por produtos do país no
mercado internacional. Com
sinais mais claros de que os
EUA podem estar à beira da recessão, investidores estão mais
cautelosos e temem que a conjuntura econômica arranhe os
resultados das empresas.
O resultado dessa desconfiança pode ser uma fuga do
mercado de ações e queda nos
índices das Bolsas. Se esse for o
caso, a tendência é que, para
cobrir perdas nos mercados
acionários, os investidores vendam papéis de governos e empresas de países emergentes.
Em épocas de grande incerteza, ocorre também o que os
analistas chamam de fuga para
a qualidade: fundos e bancos
preferem investir em papéis
com riscos menores, evitando,
mais uma vez, papéis de países
emergentes. Em ambos os casos, o resultado seria menos
dólares para o Brasil.
A queda das exportações
também pode ser significativa.
O JP Morgan, por exemplo, calcula que os EUA deixarão de
comprar US$ 1 bilhão do Brasil
em 2001. Esse seria apenas o
efeito direto da retração da economia dos EUA na balança comercial brasileira.
Muitos outros países também venderão menos para a
maior economia mundial. Ou
seja, terão menos dinheiro em
caixa para importar do Brasil.
Um bom exemplo são os tigres
asiáticos, economias muitos
abertas, com grande dependência das relações comerciais
com os norte-americanos.
Em bloco, não respondem
por mais do que 15% das exportações brasileiras. Mas são
consumidores que importarão
menos produtos brasileiros.
O fortalecimento do euro,
moeda da União Européia, alimentou as esperanças de alguns exportadores: com moeda mais forte, os europeus importariam mais. Os europeus
são responsáveis por cerca de
60% de nossas vendas externas.
No entanto a contribuição
das compras européias não deve ser impressionante. A maioria dos economistas prevê crescimento de 2,5% para este ano,
ante 3,4% no ano passado.
Os preços das commodities,
cuja reação poderia amenizar o
rombo das contas externas,
não devem sofrer grandes alterações este ano. Elas correspondem à parte significativa
dos produtos exportados pelo
Brasil e seu preço caiu muito no
mercado internacional.
Com crescimento mundial
modesto, é improvável que haja uma recuperação desses preços: como a procura pelos produtos não deve subir muito ou
mesmo pode diminuir, a tendência esperada pelos analistas
é de estabilidade de preços.
Mesmo a economia que o
país faria com a redução dos
preços do petróleo, avaliada
pelo JP Morgan em US$ 1 bilhão, se perderia com a diminuição de vendas para os EUA,
segundo a avaliação do banco.
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