São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NEGÓCIOS

McDonald's, Habib's e Bob's investem em novas lojas em bairros ou cidades periféricas, especialmente do Rio e SP

Redes de fast food descobrem a periferia

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As grandes redes de fast food descobriram a periferia. Acostumado a recorrer ao trailer, à tendinha, à padaria ou à lanchonete, o morador dos bairros periféricos das grandes cidades brasileiras conta cada vez mais com a opção refrigerada e massificada das lojas de rede. De dez lojas inauguradas em São Paulo pela rede de comida árabe Habib's em 2000, sete foram em bairros periféricos.
Segundo o diretor de Expansão do McDonald's no Brasil, Filipe Vasconcelos, a maior rede de fast food do mundo já dedica cerca de 15% dos seus investimentos em novas lojas, correspondentes a cerca de R$ 20 milhões no ano passado, aos bairros da periferia, especialmente de São Paulo e do Rio. De 80 novas lojas no ano passado, a rede abriu 11 na periferia.
O Bob's, a mais antiga rede de fast food do país, também segue a tendência. De dez lojas inauguradas no Rio em 2000, cinco foram em áreas periféricas, incluindo a Baixada Fluminense, uma das áreas mais carentes do cinturão de pobreza que cerca as grandes cidades. Nas três redes, não foram consideradas como periféricas as lojas localizadas às margens de grandes eixos rodoviários.
O presidente do Bob's, Peter Van Voorst Vader, reivindica a condição de pioneiro nessa corrida ao consumidor de baixa renda. A loja da rede em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense) existe há mais de duas décadas. "Eles é que descobriram a periferia agora."
No ano passado, o Bob's abriu novas lojas nos subúrbios cariocas de Santa Cruz (zona oeste), Bonsucesso e Pavuna (zona norte) e nas cidades periféricas de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e São Gonçalo. Segundo Vader, o faturamento na periferia equivale ao das regiões mais nobres. Na média nacional, R$ 80 mil por mês em cada loja.
No McDonald's, a chegada à periferia é, segundo Vasconcelos, uma consequência do modelo adotado para a expansão da rede desde a sua chegada ao Brasil, em 1979. "Começamos por Copacabana e até 1989 só tínhamos 50 restaurantes no Brasil, quase todos nas áreas de maior poder aquisitivo do Rio e de São Paulo."
A chegada aos bairros mais populares começou por Madureira (zona norte do Rio), ainda nos anos 80, mas a massificação é um fenômeno recente. A rede inaugurou nos últimos anos lojas em locais como a avenida M'Boi-Mirim, na zona sul de São Paulo, em Mutinga (zona noroeste), Sapopemba (zona leste) e Itaquera (zona leste). No Rio, o McDonald's já tem, desde dezembro de 99, um quiosque de sorvetes na favela da Rocinha, a maior da cidade, que atendeu a 70 mil clientes em 2000.
Está também em bairros periféricos como a Pavuna e em cidades como Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no Rio, em cidades satélites de Sobradinho e Taguatinga, em Brasília, e no bairro de Venda Nova, em Belo Horizonte.
Vasconcelos afirma que as vendas na periferia não perdem para as dos centros. O menor valor gasto por lanche pelo morador dos bairros pobres é compensado pelo maior número de clientes.
O Habib's, famoso pelos preços baixos (esfiha de carne por até R$ 0,19), vem apostando alto na periferia. Na capital paulista, já são 15 lojas, de um total de 64. Das 14 lojas instaladas no Rio, 8 são em bairros ou cidades periféricos. A rede tem no Rio uma loja na favela da Cidade de Deus (Jacarepaguá, zona oeste), área conhecida por seu histórico de violência. "Aqui nunca houve problema", diz Adriano Machado, gerente da loja inaugurada em 1999.


Texto Anterior: Entenda: Incerteza nos EUA pode elevar déficit nas contas
Próximo Texto: Lojas são opções de lazer para os moradores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.