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NEGÓCIOS
McDonald's, Habib's e Bob's investem em novas lojas em bairros ou cidades periféricas, especialmente do Rio e SP
Redes de fast food descobrem a periferia
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
As grandes redes de fast food
descobriram a periferia. Acostumado a recorrer ao trailer, à tendinha, à padaria ou à lanchonete, o
morador dos bairros periféricos
das grandes cidades brasileiras
conta cada vez mais com a opção
refrigerada e massificada das lojas
de rede. De dez lojas inauguradas
em São Paulo pela rede de comida
árabe Habib's em 2000, sete foram em bairros periféricos.
Segundo o diretor de Expansão
do McDonald's no Brasil, Filipe
Vasconcelos, a maior rede de fast
food do mundo já dedica cerca de
15% dos seus investimentos em
novas lojas, correspondentes a
cerca de R$ 20 milhões no ano
passado, aos bairros da periferia,
especialmente de São Paulo e do
Rio. De 80 novas lojas no ano passado, a rede abriu 11 na periferia.
O Bob's, a mais antiga rede de
fast food do país, também segue a
tendência. De dez lojas inauguradas no Rio em 2000, cinco foram
em áreas periféricas, incluindo a
Baixada Fluminense, uma das
áreas mais carentes do cinturão
de pobreza que cerca as grandes
cidades. Nas três redes, não foram
consideradas como periféricas as
lojas localizadas às margens de
grandes eixos rodoviários.
O presidente do Bob's, Peter
Van Voorst Vader, reivindica a
condição de pioneiro nessa corrida ao consumidor de baixa renda.
A loja da rede em Nova Iguaçu
(Baixada Fluminense) existe há
mais de duas décadas. "Eles é que
descobriram a periferia agora."
No ano passado, o Bob's abriu
novas lojas nos subúrbios cariocas de Santa Cruz (zona oeste),
Bonsucesso e Pavuna (zona norte) e nas cidades periféricas de
Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e São Gonçalo. Segundo
Vader, o faturamento na periferia
equivale ao das regiões mais nobres. Na média nacional, R$ 80
mil por mês em cada loja.
No McDonald's, a chegada à periferia é, segundo Vasconcelos,
uma consequência do modelo
adotado para a expansão da rede
desde a sua chegada ao Brasil, em
1979. "Começamos por Copacabana e até 1989 só tínhamos 50
restaurantes no Brasil, quase todos nas áreas de maior poder
aquisitivo do Rio e de São Paulo."
A chegada aos bairros mais populares começou por Madureira
(zona norte do Rio), ainda nos
anos 80, mas a massificação é um
fenômeno recente. A rede inaugurou nos últimos anos lojas em
locais como a avenida M'Boi-Mirim, na zona sul de São Paulo, em
Mutinga (zona noroeste), Sapopemba (zona leste) e Itaquera (zona leste). No Rio, o McDonald's já
tem, desde dezembro de 99, um
quiosque de sorvetes na favela da
Rocinha, a maior da cidade, que
atendeu a 70 mil clientes em 2000.
Está também em bairros periféricos como a Pavuna e em cidades
como Duque de Caxias, Nilópolis
e São João de Meriti, na Baixada
Fluminense, no Rio, em cidades
satélites de Sobradinho e Taguatinga, em Brasília, e no bairro de
Venda Nova, em Belo Horizonte.
Vasconcelos afirma que as vendas na periferia não perdem para
as dos centros. O menor valor
gasto por lanche pelo morador
dos bairros pobres é compensado
pelo maior número de clientes.
O Habib's, famoso pelos preços
baixos (esfiha de carne por até R$
0,19), vem apostando alto na periferia. Na capital paulista, já são 15
lojas, de um total de 64. Das 14 lojas instaladas no Rio, 8 são em
bairros ou cidades periféricos. A
rede tem no Rio uma loja na favela da Cidade de Deus (Jacarepaguá, zona oeste), área conhecida
por seu histórico de violência.
"Aqui nunca houve problema",
diz Adriano Machado, gerente da
loja inaugurada em 1999.
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