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TRABALHO
Cresce a qualificação dos ocupados, informa IBGE
Oferta de empregos aumenta em 2000, mas sem reflexo no bolso
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Está mais fácil encontrar uma
vaga no mercado de trabalho.
Mas achar um bom salário é outra
conversa. A recuperação da economia resultou num aumento da
oferta de vagas em vários setores,
só que sem reflexos no bolso.
Levantamento do Ministério do
Trabalho mostra que, de junho a
novembro de 2000, quem conseguiu emprego, com carteira assinada, tinha o seguinte perfil: até
39 anos, segundo grau completo e
aceitou ganhar até três salários
mínimos por mês (R$ 453).
Esse salário é quase metade do
rendimento médio mensal dos
ocupados na região metropolitana de São Paulo, de R$ 874 no ano
passado, segundo o Dieese.
Das pessoas que foram contratadas de junho a novembro
-4.967.793-, 30% tinham pelo
menos o segundo grau completo,
segundo o Ministério do Trabalho. E, de cada quatro pessoas,
uma aceitou ganhar de 1,01 (R$
151) a 1,5 salário mínimo (R$
226,5). Vale lembrar que foram
demitidas 4.531.636 pessoas no
mesmo período. Os novos empregos gerados somam 436.157.
"O salário é baixo, mas a tendência é de recuperação na medida em que cai a taxa desemprego", afirma Carlos Alberto Ramos, professor da Universidade
de Brasília e consultor do Ministério do Trabalho.
O IBGE informa que o aumento
da escolaridade no grupo das pessoas ocupadas está crescendo na
indústria, na construção civil, no
comércio e nos serviços.
Em seis regiões metropolitanas
(Recife, Salvador, Belo Horizonte,
São Paulo, Rio de Janeiro e Porto
Alegre), a participação de trabalhadores com segundo grau completo sobre a população ocupada
subiu de 22,7% em 99 para 24,3%
em 2000. Esse percentual foi
15,5% em 90 e 17,7% em 94 (início
do Plano Real).
Os setores da indústria que estão gerando os novos empregos
são principalmente transportes,
metal-mecânico, vestuário, mobiliário, extrativo mineral e alimentos. Nos serviços, são telecomunicações, oficinas mecânicas e empresas de reformas de imóveis.
No comércio, hipermercados, supermercados e lojas de roupas.
A Central de Renda e Emprego,
espécie de agência de emprego ligada à CUT (Central Única dos
Trabalhadores), com sede em
Santo André (SP), registrou no
ano passado 11 mil vagas -64%
foram oferecidas a partir de junho. Praticamente a metade delas
não foi preenchida.
"Não está muito fácil encontrar
mão-de-obra para as empresas,
pois elas estão cada vez mais exigentes, mas não oferecem bons
salários", afirma Valtenice de
Araújo, diretor-executivo da Central de Renda e Emprego.
A agência de emprego da CUT
tem cerca de 105 mil pessoas cadastradas, das mais variadas idades e níveis de qualificação.
"Mas eles querem os jovens, segundo grau completo, seis meses
de experiência e não oferecem benefícios."
Alguns exemplos: a maioria das
empresas, especialmente da região do ABC, procura engenheiros que falem mais de uma língua
e pagam R$ 750 por mês.
A secretária tem de ser bilíngue.
Salário: de R$ 800 a R$ 2.000 por
mês. O torneiro mecânico precisa
ter segundo grau completo e experiência mínima de um ano. Salário: de R$ 800 a R$ 1.600.
Araújo afirma que os trabalhadores estão sentindo o impacto da
abertura abrupta da economia
brasileiras.
"As empresas tiveram de se modernizar muito rapidamente, só
que o trabalhador não se qualificou na mesma velocidade."
As vagas mais difíceis de serem
preenchidas são as que exigem
qualificação técnica, como engenheiros, técnicos em informática
e instalador de fibra ótica. Quem
sente muito isso são as empresas
de telecomunicações.
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