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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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PRODUÇÃO

Setores responsáveis por fatias maiores do PIB têm alta discreta ou até retração de uso da capacidade instalada

"Pesos-penas" da indústria crescem mais

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias com mais pedidos em carteira e, portanto, que trabalham com as máquinas a todo o vapor têm peso insignificante para a economia brasileira. Nessa lista estão setores como perfumaria e velas, couros e peles, que fecharam o mês de janeiro com os índices mais baixos de ociosidade na indústria no país.
Setores pesos pesados, como metalurgia, mecânica e petroquímica -que respondem por até 3% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro-, registram desempenhos bem mais tímidos.
Se esses resultados se mantiverem nesse patamar, aumenta o risco de revisão das previsões de PIB -composta por vários fatores como produção industrial, salários e exportação- elaboradas pelos bancos, segundo economistas afirmam.

Velas e perfumes
A conclusão a respeito do desempenho dos setores faz parte de um levantamento da Folha feito com base em duas pesquisas.
A primeira saiu na última semana e foi elaborada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) -a respeito do desempenho industrial em janeiro. Ela foi cruzada com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que reúne dados sobre o peso dos setores na geração de riquezas do país em 2000 -último ano com dados atualizados.
No ranking de segmentos com atividade industrial em alta estão, por exemplo, o setor de perfumaria, sabões, detergentes e velas, que responde por menos de 0,2% do PIB. Sua taxa de uso da capacidade instalada pulou de 59,9% em janeiro de 2002 para 72,2% em janeiro de 2003.
Em outra área, de couro e peles, que contribui com 0,24% das riquezas no Brasil, houve expansão no uso da capacidade de produção de 4,2 pontos -de 75,6% para 79,8% no período.
Indústrias altamente exportadoras e empregadoras -e que são vistas pelo mercado como uma espécie de termômetro da economia-, como as de papel e papelão, estão operando com elevação na atividade bem mais discreta. As companhias desse setor, por exemplo, passaram de uma taxa de 93,4% para 94,3%.
No setor químico e petroquímico, que contribuiu com 3,2% da riqueza gerada no país, a alta também não fugiu muito disso -a elevação atingiu 1,4 ponto na taxa de uso da capacidade do setor.
"Parte desse aumento tímido é resultado da incapacidade de expandir mais. Quando se atinge taxas superiores a 90%, fica difícil subir muito além disso", diz Roberto Faldini, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Outra razão para isso é a falta de pedidos de clientes, que ocorre devido à lentidão maior na retomada da economia neste início de ano, em alguns segmentos.
Essa lentidão é resultado de um cenário econômico nada favorável. Renda em retração, desemprego elevado e dúvidas em relação à demanda no exterior forçam uma puxada no freio agora.
Há setores em situação delicada. Pelo levantamento da FGV, fabricantes da área de material elétrico e de comunicações tiveram forte queda nas operações. Responsáveis por quase 1% do PIB do país, registraram queda no uso da capacidade de produção de 70,2% em janeiro de 2002 para 63,8% no mês passado.
O aumento nas encomendas tende a elevar o ritmo de produção, algo que não está ocorrendo também com a indústria de bens de capital, um dos setores altamente geradores de divisas para o país. A ociosidade do setor, que estava em 24,4% em janeiro de 2002, até chegou a cair para 22,7% neste início de ano, mas o fato não é visto como uma retomada.
O aumento é decorrência da forte redução nos estoques das empresas durante 2002 -estratégia adotada para evitar acúmulo desnecessário. Com menos mercadorias nas fábricas, foi necessário elevar um pouco a capacidade de produção neste ano.


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