UOL


São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BANCOS

Resultado reflete cautela do banco, que ampliou provisionamento contra inadimplência, mas ganho supera R$ 2 bi

Bradesco fecha 2002 com lucro menor

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro líquido do Bradesco caiu 6,8% no ano passado em comparação a 2001, mas se manteve acima dos R$ 2 bilhões. Apesar das turbulências que afetaram o mercado financeiro no ano passado, os bancos têm fechado o período com fortes ganhos.
Na semana passada, o Banespa divulgou que teve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões -158% maior que o registrado em 2001. No caso do Bradesco, a base de comparação de 2001 era bastante elevada. Com isso, os R$ 2,023 bilhões de lucro conseguido em 2002 representaram uma queda em relação ao resultado do ano anterior.
Para o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, o resultado ficou dentro do esperado e a redução do lucro reflete, em parte, o menor crescimento da carteira de crédito do banco. "O mercado de crédito apresentou uma demanda menor no ano passado."
A carteira de crédito do Bradesco, sem levar em consideração as aquisições feitas durante o ano, aumentou 8% em 2002. No ano anterior, o crescimento da carteira de crédito foi de 21%, e, em 2000, de 41%.

Cautela
A maior cautela do banco, refletida no crescimento dos recursos destinados ao provisionamento, também teve impacto no resultado. Provisionamento é uma reserva que bancos e empresas fazem nos seus balanços para fazer frente a perdas futuras, como as que podem resultar da inadimplência. Em 2001, o provisionamento total ficou em R$ 2,9 bilhões. No ano passado, foram R$ 3,66 bilhões destinados ao provisionamento.
"Dessa forma, criamos um maior conforto para a administração da gestão de crédito", afirma Luiz Carlos Trabuco Cappi, vice-presidente da instituição.
As provisões excedentes do banco em 2002, para se proteger de créditos duvidosos e oscilações no câmbio, chegaram ao final do ano em R$ 859 milhões. Isso foi quase o dobro das provisões excedentes do fim do ano anterior (R$ 486 milhões).

Aquisições
As aquisições feitas pelo Bradesco no ano passado -e início deste ano- devem perder força nos próximos meses. Cypriano afirmou que a instituição "não está de olho" no Sudameris. Rumores recentes apontavam o Bradesco como mais forte candidato para a compra do banco.
A mais recente aquisição do Bradesco foi a da área de fundos de investimento do JP Morgan. Em janeiro, o banco levou o BBV Brasil. Entre as aquisições feitas pelo banco no ano passado estão o BEA (Banco do Estado do Amazonas), o banco Cidade, o Deutsche DTVM (Asset Management) e a Ford leasing.
Uma das metas do Bradesco para este ano é a elevação de sua base de clientes, dos atuais 14,8 milhões para 17 milhões. A expectativa é que esse aumento venha como resultado de crescimento orgânico, e não por meio de clientes "herdados" de novas aquisições.
O banco espera que o país consiga registrar um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 2,5% neste ano. Isso possibilitaria um crescimento de aproximadamente 10% na carteira de crédito da instituição.
Cypriano criticou os altos juros praticados atualmente no país. "Não temos interesse em uma Selic [juros básicos, hoje em 25,5% ao ano" alta. Juros menores representam perspectiva de inadimplência menor e maior demanda por crédito."


Texto Anterior: Internet: Anatel prorroga prazo da consulta pública
Próximo Texto: Instituição capta 70 mi e já quer mais 50 mi
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.