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BANCOS
Resultado reflete cautela do banco, que ampliou provisionamento contra inadimplência, mas ganho supera R$ 2 bi
Bradesco fecha 2002 com lucro menor
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro líquido do Bradesco
caiu 6,8% no ano passado em
comparação a 2001, mas se manteve acima dos R$ 2 bilhões. Apesar das turbulências que afetaram
o mercado financeiro no ano passado, os bancos têm fechado o período com fortes ganhos.
Na semana passada, o Banespa
divulgou que teve lucro líquido de
R$ 2,8 bilhões -158% maior que
o registrado em 2001. No caso do
Bradesco, a base de comparação
de 2001 era bastante elevada. Com
isso, os R$ 2,023 bilhões de lucro
conseguido em 2002 representaram uma queda em relação ao resultado do ano anterior.
Para o presidente do Bradesco,
Márcio Cypriano, o resultado ficou dentro do esperado e a redução do lucro reflete, em parte, o
menor crescimento da carteira de
crédito do banco. "O mercado de
crédito apresentou uma demanda
menor no ano passado."
A carteira de crédito do Bradesco, sem levar em consideração as
aquisições feitas durante o ano,
aumentou 8% em 2002. No ano
anterior, o crescimento da carteira de crédito foi de 21%, e, em
2000, de 41%.
Cautela
A maior cautela do banco, refletida no crescimento dos recursos
destinados ao provisionamento,
também teve impacto no resultado. Provisionamento é uma reserva que bancos e empresas fazem
nos seus balanços para fazer frente a perdas futuras, como as que
podem resultar da inadimplência.
Em 2001, o provisionamento total
ficou em R$ 2,9 bilhões. No ano
passado, foram R$ 3,66 bilhões
destinados ao provisionamento.
"Dessa forma, criamos um
maior conforto para a administração da gestão de crédito", afirma Luiz Carlos Trabuco Cappi,
vice-presidente da instituição.
As provisões excedentes do
banco em 2002, para se proteger
de créditos duvidosos e oscilações
no câmbio, chegaram ao final do
ano em R$ 859 milhões. Isso foi
quase o dobro das provisões excedentes do fim do ano anterior (R$
486 milhões).
Aquisições
As aquisições feitas pelo Bradesco no ano passado -e início deste ano- devem perder força nos
próximos meses. Cypriano afirmou que a instituição "não está de
olho" no Sudameris. Rumores recentes apontavam o Bradesco como mais forte candidato para a
compra do banco.
A mais recente aquisição do
Bradesco foi a da área de fundos
de investimento do JP Morgan.
Em janeiro, o banco levou o BBV
Brasil. Entre as aquisições feitas
pelo banco no ano passado estão
o BEA (Banco do Estado do Amazonas), o banco Cidade, o Deutsche DTVM (Asset Management)
e a Ford leasing.
Uma das metas do Bradesco para este ano é a elevação de sua base de clientes, dos atuais 14,8 milhões para 17 milhões. A expectativa é que esse aumento venha como resultado de crescimento orgânico, e não por meio de clientes
"herdados" de novas aquisições.
O banco espera que o país consiga registrar um crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto) em
torno de 2,5% neste ano. Isso possibilitaria um crescimento de
aproximadamente 10% na carteira de crédito da instituição.
Cypriano criticou os altos juros
praticados atualmente no país.
"Não temos interesse em uma Selic [juros básicos, hoje em 25,5%
ao ano" alta. Juros menores representam perspectiva de inadimplência menor e maior demanda
por crédito."
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