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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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ESPANTALHO

Tecnologia da Inglaterra não mata as aves

Viticultores do RS usam pirâmide de espelhos para afastar pássaros

ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtores de uva de Bagé (RS) adotaram uma nova tecnologia, importada da Inglaterra, para afastar os pássaros que devoravam praticamente toda a plantação. A "engenhoca" consiste em uma pirâmide, de três lados, revestida com espelhos.
Segundo Norton Sampaio, produtor de uva e engenheiro agrônomo da Urcamp (Universidade da Região da Campanha), a vantagem dessa tecnologia é que ela espanta os pássaros sem matá-los, o que preserva o equilíbrio do ecossistema da região.
A pirâmide é sustentada por uma base e fica girando em torno de um eixo. Na base há um motor elétrico movido a uma bateria de 12 V, a mesma usada em automóveis. Os espelhos refletem os raios do sol e emitem flashes de luz, que espantam os pássaros.
A pirâmide possui uma forte capacidade de concentração de luz, que garante a emissão dos raios mesmo se a luminosidade solar estiver fraca.
Segundo Sampaio, 20 produtores de Bagé já plantaram desde 2000 um total de 150 hectares de uvas para vinhos numa escala de 50 hectares por ano.
No ano passado, dos primeiros 50 hectares, cinco foram selecionados em caráter experimental para produzir frutos antecipadamente, já que a primeira produção comercial esperada era para este ano. O problema é que os pássaros comeram quase toda a produção experimental -cerca de 15 toneladas de uva.
Sampaio diz que, neste ano, os produtores de uva da região esperam colher 200 toneladas da fruta, que serão usadas na produção de vinho. Segundo ele, os pássaros devem comer uma tonelada, considerada uma perda pequena.

Beterraba
O sistema começou a ser usado na Inglaterra, onde os produtores sofrem com os ataques dos pássaros às plantações de beterraba. A tecnologia, que em inglês é chamada de "Peaceful Pyramid Birdscarer" (algo como espantalho pacífico de pirâmide), pode ser usada para outros tipos de fruta e também para horticultura.
No Brasil, de acordo com Sampaio, os produtores de uva de Bagé foram os únicos até agora a adotar as pirâmides.
Cada pirâmide sai, no Brasil, com os custos da importação, por R$ 450 e cobre uma área de aproximadamente quatro hectares.
José Érico Souto, produtor de Bagé, diz que, além da pirâmide, usa um repelente com gosto de fruta que, ao ser ingerido pelos pássaros, deixa-os enjoados.


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