|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESPANTALHO
Tecnologia da Inglaterra não mata as aves
Viticultores do RS usam pirâmide de espelhos para afastar pássaros
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Os produtores de uva de Bagé
(RS) adotaram uma nova tecnologia, importada da Inglaterra,
para afastar os pássaros que devoravam praticamente toda a plantação. A "engenhoca" consiste em
uma pirâmide, de três lados, revestida com espelhos.
Segundo Norton Sampaio, produtor de uva e engenheiro agrônomo da Urcamp (Universidade
da Região da Campanha), a vantagem dessa tecnologia é que ela
espanta os pássaros sem matá-los,
o que preserva o equilíbrio do
ecossistema da região.
A pirâmide é sustentada por
uma base e fica girando em torno
de um eixo. Na base há um motor
elétrico movido a uma bateria de
12 V, a mesma usada em automóveis. Os espelhos refletem os raios
do sol e emitem flashes de luz, que
espantam os pássaros.
A pirâmide possui uma forte capacidade de concentração de luz,
que garante a emissão dos raios
mesmo se a luminosidade solar
estiver fraca.
Segundo Sampaio, 20 produtores de Bagé já plantaram desde
2000 um total de 150 hectares de
uvas para vinhos numa escala de
50 hectares por ano.
No ano passado, dos primeiros
50 hectares, cinco foram selecionados em caráter experimental
para produzir frutos antecipadamente, já que a primeira produção comercial esperada era para
este ano. O problema é que os
pássaros comeram quase toda a
produção experimental -cerca
de 15 toneladas de uva.
Sampaio diz que, neste ano, os
produtores de uva da região esperam colher 200 toneladas da fruta,
que serão usadas na produção de
vinho. Segundo ele, os pássaros
devem comer uma tonelada, considerada uma perda pequena.
Beterraba
O sistema começou a ser usado
na Inglaterra, onde os produtores
sofrem com os ataques dos pássaros às plantações de beterraba. A
tecnologia, que em inglês é chamada de "Peaceful Pyramid
Birdscarer" (algo como espantalho pacífico de pirâmide), pode
ser usada para outros tipos de fruta e também para horticultura.
No Brasil, de acordo com Sampaio, os produtores de uva de Bagé foram os únicos até agora a
adotar as pirâmides.
Cada pirâmide sai, no Brasil,
com os custos da importação, por
R$ 450 e cobre uma área de aproximadamente quatro hectares.
José Érico Souto, produtor de
Bagé, diz que, além da pirâmide,
usa um repelente com gosto de
fruta que, ao ser ingerido pelos
pássaros, deixa-os enjoados.
Texto Anterior: Programa tenta avaliar potencial econômico da faixa de mar do país Próximo Texto: Pecuária: Aluguel de touros é alternativa para uso de inseminação artificial Índice
|