São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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CONSUMO

Dados da Serasa mostram que 7 em cada 10 devedores regularizaram sua situação em 2003, índice recorde desde o Real

17,6 milhões deixam de ser inadimplentes

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Sete de cada dez consumidores e empresas que entraram na "lista negra" de maus pagadores da Serasa em 2003 conseguiram pagar ou renegociar dívidas e limpar seu nome, em uma proporção recorde desde a implantação do Plano Real, em 1994.
De janeiro a dezembro de 2003, 24,1 milhões de pessoas físicas e jurídicas entraram no cadastro de devedores. Dessas, 17,6 milhões regularizaram sua situação.
A Serasa faz levantamento nacional de inadimplência relativa à emissão de cheques sem fundos, protesto de títulos, não-pagamento de cartões de créditos e calote em financiamentos bancários.
Os 73% de regularizações observados em 2003 são inéditos no período de expansão do crédito registrado depois do Real. O recorde anterior havia sido obtido em 2002, quando 50% dos inadimplentes limparam seu nome.
Apesar da baixa recorde no cadastro da Serasa, o estoque de pessoas e empresas inadimplentes cresceu, atingindo 20 milhões, 6,5 milhões a mais que em 2002.
Os dados da Serasa têm evolução semelhante aos da Associação Comercial de São Paulo, que registra o movimento na capital paulista. No ano passado, 75,8% dos que deixaram de pagar carnês de crediário regularizaram sua situação, em um total de 2,8 milhões de pessoas. Em 2002, o percentual havia sido de 69,7%.
Os dois indicadores mostram que o consumidor se esforçou para ter condições de voltar a comprar a prazo neste ano, mas economistas dizem que não deve haver uma explosão de consumo.
Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, afirma que parte da regularização do ano passado foi feita graças a novos financiamentos, mais baratos. Ele lembra que o crédito do sistema financeiro para pessoas físicas subiu 14,5%, enquanto o consumo ficou estagnado.
Além disso, o poder de compra do trabalhador diminuiu no último ano, o que inibe a recuperação das vendas. "O consumo só deve ter reação mais expressiva no segundo semestre", diz Almeida.
Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial, afirma que o consumidor reduziu gastos e utilizou principalmente recursos salariais para regularizar sua situação. Pesquisa feita pela entidade em setembro indica que 71% dos inadimplentes limparam o nome com utilização do salário.
O economista Fábio Silveira, da MS Consult, vê no movimento o amadurecimento do consumidor e das entidades de financiamento.


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