São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Falta de óleo combustível foi a razão

Fábrica da Parmalat em Itaperuna pára totalmente pela primeira vez

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Pela primeira vez desde que estourou a crise da Parmalat na Itália, a fábrica de processamento de leite da empresa em Itaperuna (a 356 km do Rio) parou totalmente de funcionar. A interrupção, na noite de anteontem, deveu-se à falta de óleo combustível.
Segundo a Parmalat, a unidade voltou a funcionar parcialmente ontem. A fábrica em Jundiaí (SP) também está parada.
A Parmalat deve R$ 2,4 milhões a cooperativas fluminenses. No próximo dia 16, vence um pagamento de R$ 2,2 milhões.
Mesmo sem receber o dinheiro, as cooperativas fornecem leite à fábrica de Itaperuna, mas reduziram a quantidade de 360 mil litros diários para 150 mil litros diários. A Parmalat recebe o leite, mas o produto tem sido levado para outras unidades da empresa.
É o caso dos 70 mil litros entregues pela Capil (Cooperativa dos Produtores de Leite de Itaperuna). Presidente da Capil, Moacyr Seródio diz que a estratégia da Parmalat é parar a fábrica até que reverta a intervenção na unidade, decidida pela 2ª Vara da Comarca de Itaperuna na sexta passada.
Segundo a assessoria da Parmalat, a empresa está "realocando" seus recursos e priorizando a produção de unidades com estoques mais baixos de leite.
Os advogados da empresa pediram ao juiz Rubens Casara que retire a intervenção que decretou -ela estabeleceu uma direção compartilhada entre acionista e representantes das cooperativas credoras, do Estado do Rio, de funcionários e de municípios afetados pela crise.
Os advogados afirmam não haver condições materiais de administrar a fábrica isoladamente das outras que a empresa detém no país. Eles alegam que a Justiça de São Paulo já decretou a intervenção na Parmalat do Brasil.

Goiás
O presidente da Parmalat no Brasil, Ricardo Gonçalves, afirmou ontem que a fábrica de Santa Helena de Goiás (219 km de Goiânia) não será fechada. O anúncio saiu em reunião com o governador Marconi Perillo (PSDB), o secretário estadual da Agricultura, José Mário Schreiner, e dois procuradores da empresa.
Gonçalves disse estar "fazendo todo o possível" para que a unidade goiana volte a operar normalmente. Em janeiro, 120 funcionários foram demitidos e a produção de leite longa vida (UHT) foi transferida para as fábricas de Garanhuns (PE) e Carazinho (RS).
O presidente não descartou a hipótese de terceirização da fábrica de Santa Helena de Goiás. Sobre a dívida de R$ 6 milhões com os mais de 9.000 produtores goianos, disse que busca alternativas.


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