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Renda de quem tem diploma é 172% maior
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de uma parte dos trabalhadores com nível superior
estar hoje disputando vagas
com quem tem nível médio, ter
um diploma no Brasil continua
fazendo muita diferença.
Em 2006, a Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostrava
que os trabalhadores com nível
superior tinham, em média,
rendimentos 172% maiores
que os de nível médio e a menor
taxa de desemprego entre todos os grupos: 3,8%.
A Pnad mostra também que,
mesmo quando estão em profissões de menor exigência de
qualificação, os rendimentos
dos trabalhadores com nível
superior tendem a ser maiores
do que os que não completaram
uma universidade.
No caso de vendedores de lojas ou mercados, por exemplo,
apenas 3% têm nível superior.
O rendimento médio desse
grupo, no entanto, é quase o dobro (92% maior) do que o verificado entre os que têm nível
médio apenas.
O mesmo acontece com recepcionistas (7% com nível superior), operadores de telemarketing (9%) ou trabalhadores
nos serviços de higiene e embelezamento (2%).
O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, afirma
que é comum aparecer na
amostra da pesquisa trabalhadores com nível superior em
áreas com baixa qualificação.
"Mas são uma minoria e,
mesmo deslocados profissionalmente em relação ao curso
que fizeram, costumam ter melhor inserção no mercado que
quem não tem nível superior."
O economista Cláudio Dedecca, da Unicamp, lembra que,
quando uma pesquisa como a
Pnad mostra que 3% dos vendedores de lojas ou mercados
têm nível superior, o dado pode
esconder perfis bem distintos.
"Nesse grupo pode haver um
vendedor que ganha um salário
mínimo fixo e outro em loja
mais sofisticada que recebe comissão pelas vendas, com rendimentos bem mais elevados."
Para especialistas ouvidos
pela Folha, a melhoria da qualificação da mão-de-obra é
sempre desejável em um país
onde poucos têm nível superior. Mas explicam que, quando
isso acontece e o país não cresce, há um efeito em cascata.
"É um movimento antropofágico. Se o número de vagas é
menor do que o de pessoas que
precisam trabalhar, ocorre
uma competição pelos postos
de trabalho onde quem tem
mais escolaridade ocupa espaços de trabalhadores de nível
médio", diz Dedecca.
O caminho de muitos é o setor público. ""Virou uma forma
de garantir a sustentabilidade
enquanto não se consegue emprego melhor", diz Waldemar
Melo, vice-presidente do Instituto de Planejamento e Apoio
ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico, que faz concursos para órgãos públicos.
Ao mesmo tempo em que
profissionais de nível superior
não acham vagas em suas áreas
de formação, um estudo do
Ipea divulgado em 2007 mostrou que não há mão-de-obra
para 123 mil vagas qualificadas.
Isso ocorre porque as áreas
de formação desses profissionais mais qualificados nem
sempre coincidem com as
áreas em que há mais carência.
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