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Advogado acorda às 4h para entregar cartas e estuda para virar juiz
Paula Huven/Folha Imagem
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Rodrigo Soares, formado em direito e que hoje é carteiro |
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado Rodrigo Braga
Soares, 29, acorda às 4h para
encarar o emprego de carteiro, com um objetivo fixo em
mente: ser juiz antes de chegar aos 40 anos. Ele investe
60% do salário, de cerca de
R$ 600, em cursos preparatórios para concurso no Tribunal de Justiça do Rio.
Sua rotina no emprego começa às 8h da manhã. De casa ao trabalho, são mais de
duas horas, de ônibus. Caminha cerca de 10 km por dia,
entregando cartas. Terminado o expediente, toma banho, no próprio local de trabalho, e vai estudar.
""Tento seguir minha meta. Estudarei até passar em
um concurso público na área
jurídica. Em nenhum momento penso em disputar o
mercado de trabalho, porque
não me vejo com chances. É
muito concorrido", afirma.
Ele diz que o emprego de
carteiro dá para custear os
estudos e os gastos pessoais,
mas que não cogita ficar na
função em definitivo. "Não é
o que tracei para mim, mas
muitos colegas, também formados, se acomodam."
Waldy Pereira Barros Jr.,
41, é formado em pedagogia
e deu aulas em escola municipal antes de fazer o concurso para Guarda Municipal do
Rio, em 2004. Ele é guarda
de trânsito e dá aulas particulares, nos dias de folga, no
bairro onde mora, Vila Valqueire (zona oeste do Rio).
"Planejo fazer outro concurso público, mas, enquanto estiver aqui, é o melhor lugar para trabalhar." Ele disse
que prestou concurso para
guarda municipal para estimular um irmão, que estava
em situação difícil e também
foi aprovado.
Roberta Abreu de Souza,
26, é uma das 205 mil vendedoras em lojas que, segundo
a Pnad, têm superior completo. Ela é formada em pedagogia, já fez psicologia e
hoje estuda jornalismo. "Fiz
pedagogia só porque era um
curso mais fácil e rápido.
Nunca trabalhei na profissão
e desde 2004 sou vendedora.
Meu sonho, no entanto,
sempre foi ser jornalista."
Ela hoje trabalha na loja da
Oi no shopping Via Parque,
na Barra (zona oeste do Rio).
O desejo de Vinícius da
Fonseca, 32, formado em
matemática há quatro anos,
é que sua situação de gari da
Comlurb também seja temporária. "Quando entrei, tinha somente o nível médio.
Me formei e estou me preparando para o próximo concurso do município. Espero
ganhar mais como professor
do que como gari."
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