São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Bolsa tem recorde de negócios em mês marcado por oscilações

Aquecimento nas operações acompanhou aumento da volatilidade em janeiro na Bovespa; analistas afirmam que pequeno investidor deve ter cautela

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca houve tantos negócios nos pregões da Bolsa de Valores de São Paulo quanto no mês de janeiro. Esse aquecimento nas operações acompanhou a elevação da volatilidade no mercado acionário. Segundo analistas, nesses momentos mais voláteis são os especuladores que encontram as melhores chances para lucrar.
Em janeiro de 2007, foram realizados por pregão, em média, 113,7 mil negócios. Em janeiro deste ano, essa cifra subiu para 208,5 mil negócios -a maior média já registrada.
"São nesses momentos que investidores como o George Soros [megainvestidor internacional] compram ações e ganham dinheiro", diz Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
Com as incertezas em relação ao futuro da economia norte-americana e o desempenho das grandes instituições financeiras internacionais, a volatilidade aumentou nas Bolsas de Valores pelo mundo.
A volatilidade mostra a intensidade e a freqüência das oscilações nos valores das ações em determinado período.
E a Bovespa está entre os mercados acionários mais voláteis do planeta.
Um indicador que mede a volatilidade mostra o quanto ela aumentou nos últimos tempos. Para um período de 12 meses, considerando um indicador calculado pela própria Bolsa brasileira, foi registrado no Ibovespa uma volatilidade de 29,64%. Se for considerado apenas o mês de janeiro -e anualizando a taxa-, a volatilidade alcançou 46,22%.
"O mercado volátil é bom para os profissionais, que compram e vendem ações rapidamente aproveitando para lucrar com as oportunidades", avalia Luiz Antonio Vaz das Neves, da KNA Consultores.

Parâmetro
A volatilidade é um importante parâmetro para os analistas medirem o risco de um ativo. Quanto maior, maiores os riscos de perder dinheiro.
Janeiro mostra bem como o mercado tem oscilado bruscamente. No último dia 21, a Bovespa registrou queda de 6,60%. No dia 24, conquistou valorização de 5,95%.
Quem tivesse comprado ações (equivalentes ao índice Ibovespa) no fim do pregão do dia 21 e vendido na última sexta-feira teria lucrado 13,7% -percentual que só deve ser conquistado pelos fundos de renda fixa no acumulado de todo o ano de 2008.
"A volatilidade da Bovespa sempre está entre as maiores do mundo. O grande investidor, que está diariamente comprando e vendendo ações, adora a volatilidade, pois tem chances maiores de garimpar ganhos expressivos", afirma Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica. "Quem perde é o pequeno investidor, que acaba comprando nos momentos de alta e vendendo nos de baixa."

Cautela
O cenário mais turbulento, que tem sacudido as Bolsas desde o segundo semestre do ano passado, tornou o mercado acionário mais complicado para o pequeno investidor. Nesses períodos de forte oscilação, aplicar em ações se torna uma tarefa ainda mais árdua.
Mesmo que haja boas oportunidades de lucrar -a ação ordinária da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), por exemplo, subiu 15,75% apenas na semana passada-, é difícil fazer as escolhas corretas.
"Em momentos como o atual, é melhor aplicar em um fundo do que tentar investir diretamente em ações. A chance de errar é muito maior do que nos períodos em que o ritmo de alta é mais constante e intenso, como ocorreu em boa parte do ano passado", diz Neves.


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