São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Ações de brasileira caem 15% em NY

DA REPORTAGEM LOCAL
E DA FOLHA ONLINE

As ações preferenciais (sem direito a voto) da AmBev negociadas na Bovespa e os ADRs (American Depositary Receipt, recibo negociado na Bolsa de Nova York) da empresa sofreram fortes perdas depois do anúncio do acordo com a Interbrew. Da mesma forma, as ações da cervejaria belga fecharam em baixa ontem.
Os ADRs da AmBev sofreram perda de 14,55% na Bolsa nova-iorquina. Com o argumento de que ""não gostou da troca de controle na AmBev", o banco de investimentos Bear Stearns rebaixou a companhia "brasileira" em seu portfólio de ações de "na média" para "abaixo da média". O banco argumenta que a empresa brasileira é bem administrada, enquanto a cervejaria belga experimentou pelo menos cinco trocas de executivos desde a sua criação em meados da década de 90.
Para o Bear Stearns, os acionistas minoritários ainda serão prejudicados com a diluição das ações da AmBev -uma vez que a companhia terá que emitir novas ações para a Interbrew e receber ativos em troca. A agência de risco Fitch tomou caminho inverso: aumentou a perspectiva do rating da AmBev. Argumenta que o acordo com a Interbrew assegurará à AmBev receitas em moeda forte (dólares) por meio das operações na América do Norte.
Na Bolsa de Bruxelas, os papéis da Interbrew recuaram 2,4%. Para analistas, os belgas emitiram ações para os controladores da Braco por um preço "um pouco acima da média".
Em fato relevante enviado à Bovespa, a AmBev informa que, após o fechamento do negócio, ""a InterbrewAmbev iniciará uma oferta pública para aquisição das ações ordinárias remanescentes da AmBev de propriedade do público em geral".
Mas a expectativa de realização de uma oferta fez a ação ordinária (com direito a voto) da empresa disparar 9% na Bovespa.
A Lei das S.A.s prevê o chamado direito de "tag along". Isso significa que, no caso de venda do controle de uma companhia, os acionistas minoritários donos de ações ON terão as mesmas condições oferecidas aos controladores. Algumas empresas também estendem esse direito aos donos de ações preferenciais. De acordo com a Bovespa, a AmBev não consta na lista de empresas que não se limitaram somente à obrigação legal, decidindo voluntariamente estender tal direito aos acionistas preferencialistas.
Isso explica a queda de 16% da ação PN da empresa, que liderou ontem as perdas do Ibovespa. Além de não poder vender sua ação por 80% do preço pago pelo bloco de controle, o preferencialista corre o risco de ver sua participação diluída, já que o acordo com a Interbrew prevê a emissão de 13,8 bilhões de novas ações PN e 9,5 bilhões de ON.
No balanço anunciado ontem, a AmBev informou que seu lucro caiu 6,6% em 2003, comparado ao do ano anterior. A empresa faturou em 2003 R$ 1,41 bilhão, contra o R$ 1,51 bilhão de 2002. (JOSÉ ALAN DIAS E SÉRGIO RIPARDO)

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