|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise não retém corte nos juros, diz Fazenda
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A turbulência na China,
que abalou o mercado financeiro mundial nesta
semana, não deve reforçar
o conservadorismo do
Banco Central em relação
à trajetória dos juros, na
avaliação do secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio
Sérgio Gomes de Almeida.
"Não tem nada a ver",
afirmou à Folha, quando
questionado se a situação
atual na Ásia não aumentaria a posição conservadora dos diretores do BC,
que se reúnem na próxima
semana para definir o novo patamar da taxa de juros. No mês passado o Copom freou a queda dos juros, de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto.
"Qualquer antecipação
[de crise na China] é um
exercício de futurologia.
Não cabe [ao BC] fazer antecipação nem de cautela
nem de ousadia. Aliás, isso
não existe em economia.
Existe acertar ou errar."
Na avaliação do secretário, não há uma crise internacional definida, apesar de os desdobramentos
na China exigirem acompanhamento da equipe
econômica e atenção especial aos movimentos,
não somente naquela região como também nos
Estados Unidos. Segundo
ele, os US$ 100 bilhões em
reservas garantem tranqüilidade ao Brasil.
O governo trabalha com
três cenários. No primeiro, a crise na China é apenas uma correção dos preços das ações que subiram
muito nos últimos anos.
No segundo cenário, a turbulência chinesa seria um
alerta de problemas mais
sérios em outras economias importantes, como a
dos Estados Unidos. "Os
indicadores econômicos
dos EUA são conflitantes.
Há desequilíbrios. Isso é
bem mais grave, um processo mais destrutivo", diz
Gomes de Almeida.
No terceiro, esses desequilíbrios nos EUA se confirmam, mas são corrigidos gradualmente, gerando desaceleração lenta na
economia norte-americana, com menor impacto
para o resto do mundo.
"Acredito mais que esse
processo caminhará para
um crescimento menor
[nos EUA], mas controlado e sem quebradeiras."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Bolsas perdem dois PIBs do Brasil Índice
|