São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise não retém corte nos juros, diz Fazenda

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A turbulência na China, que abalou o mercado financeiro mundial nesta semana, não deve reforçar o conservadorismo do Banco Central em relação à trajetória dos juros, na avaliação do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida.
"Não tem nada a ver", afirmou à Folha, quando questionado se a situação atual na Ásia não aumentaria a posição conservadora dos diretores do BC, que se reúnem na próxima semana para definir o novo patamar da taxa de juros. No mês passado o Copom freou a queda dos juros, de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto.
"Qualquer antecipação [de crise na China] é um exercício de futurologia. Não cabe [ao BC] fazer antecipação nem de cautela nem de ousadia. Aliás, isso não existe em economia. Existe acertar ou errar."
Na avaliação do secretário, não há uma crise internacional definida, apesar de os desdobramentos na China exigirem acompanhamento da equipe econômica e atenção especial aos movimentos, não somente naquela região como também nos Estados Unidos. Segundo ele, os US$ 100 bilhões em reservas garantem tranqüilidade ao Brasil.
O governo trabalha com três cenários. No primeiro, a crise na China é apenas uma correção dos preços das ações que subiram muito nos últimos anos. No segundo cenário, a turbulência chinesa seria um alerta de problemas mais sérios em outras economias importantes, como a dos Estados Unidos. "Os indicadores econômicos dos EUA são conflitantes. Há desequilíbrios. Isso é bem mais grave, um processo mais destrutivo", diz Gomes de Almeida.
No terceiro, esses desequilíbrios nos EUA se confirmam, mas são corrigidos gradualmente, gerando desaceleração lenta na economia norte-americana, com menor impacto para o resto do mundo.
"Acredito mais que esse processo caminhará para um crescimento menor [nos EUA], mas controlado e sem quebradeiras."


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Bolsas perdem dois PIBs do Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.