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Lucro da Petrobras recua 17% em 2007
Com avanço menor na produção e política de contenção de repasse de reajustes, empresa obtém ganho de R$ 21,5 bi
Retração é primeira desde 2004; diretor da estatal atribui piora no resultado
à queda do dólar e a
ajuste com plano Petros
JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sem reajustar o preço dos
combustíveis e com um crescimento bastante modesto em
sua produção, a Petrobras viu
seu lucro cair 17% em 2007. O
resultado ficou em R$ 21,512
bilhões, abaixo dos R$ 25,919
bilhões obtidos em 2006. Foi a
primeira retração no lucro
anual da estatal desde 2004.
No último trimestre, o lucro
ficou em R$ 5,053 bilhões, com
queda de 8,6% em relação ao
terceiro trimestre e de 3% na
comparação com o quarto trimestre de 2006, um resultado
abaixo das previsões de analistas. A estatal anunciou ainda
mudanças em sua diretoria,
atendendo a pressões do
PMDB, que assumirá a diretoria Internacional da estatal no
lugar de um petista.
Segundo especialistas, diferentemente de outras petroleiras, a Petrobras não se beneficiou integralmente da alta do
petróleo, ao não corrigir o preço dos principais derivados: gasolina, diesel e gás de cozinha.
Ou seja, se não tivesse segurado os reajustes, teria lucrado
mais. "O resultado poderia ter
sido melhor", diz Vladimir Pinto, analista do Unibanco.
Segundo o diretor financeiro
da Petrobras, Almir Barbassa,
dois fatores explicam o desempenho do ano passado: a desvalorização do dólar de 17% (o
que causou perdas na conversão de receita estrangeira para
real) e o ajuste com o plano Petros, que teve um impacto negativo de R$ 1,750 bilhão. O
efeito da desvalorização do dólar somou R$ 3,9 bilhões. "Esse
é o custo de ter uma moeda valorizada e uma maior atuação
internacional", diz.
A necessidade de garantir gás
para as termelétricas também
provocou impacto negativo. A
multa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e encargos com o fornecimento de
gás natural para as usinas tiveram impacto negativo de R$
449 milhões.
O desempenho também poderia ter sido melhor não fosse
o atraso na entrada em operação de duas plataformas programadas para o primeiro semestre de 2007, mas que só começaram a produzir no final do
ano, diz Nelson Rodrigues Matos, analista do Banco do Brasil.
O resultado foi a expansão de
apenas 0,8% da produção
-1,778 milhão de barris de óleo
no Brasil na média de 2006 para 1,792 milhão de barris/dia.
Com isso, o faturamento da
companhia cresceu 8%, abaixo
das estimativas iniciais de analistas. Ficou em R$ 170,6 bilhões em 2007, contra R$ 158,2
bilhões em 2006.
Em 2007, a companhia registrou Ebtida (lucro antes de impostos, amortizações e depreciações) de R$ 50,275 bilhões,
1% menos do que os R$ 50,864
bilhões obtidos em 2007.
Também pesou negativamente no desempenho da companhia a alta dos custos que
afeta toda a indústria de petróleo do mundo. O custo de extração de óleo no Brasil, por exemplo, saltou de R$ 17,6 por barril
no quarto trimestre de 2006
para R$ 23,2 no mesmo período do ano passado.
Apesar dos fracos resultados
de 2007, especialistas destacam que a estatal anunciou
grandes descobertas, como Tupi. Segundo Barbassa, o retorno
aos acionistas subiu 131,4%. "O
mercado entendeu que as descobertas mudam a condição de
valor da empresa."
Com isso, o valor de mercado
da companhia chegou a US$
235 bilhões. É a terceira maior
do setor, atrás de Exxon Mobil
e Shell.
Em 2007, a estatal exportou
615 mil barris diários de petróleo e derivados e importou 538
mil barris, gerando um saldo líquido de 77 mil barris por dia.
Em reais, as exportações líquidas geraram apenas R$ 73
milhões de superávit, menos do
que o previsto no começo do
ano, já que o excedente de produção frustrou as expectativas
e o câmbio também não ajudou.
De acordo com Barbassa, as
expectativas para 2008 são
boas porque a produção vai aumentar em 460 mil barris por
dia, além do início da produção
na Nigéria.
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