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Abin fará plano de segurança para Petrobras
Estatal já tinha acordo com agência de inteligência para proteção de dados, mas ele não funcionava
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Abin (Agência Brasileira de
Inteligência) fará diagnóstico
completo e montará um plano
para superar as fragilidades em
termos de guarda e transporte
de dados sigilosos e estratégicos da Petrobras. A negociação
está em curso e, para o caso
concreto, dos furtos ocorridos
em janeiro, as recomendações
já foram apresentadas à estatal.
O diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, disse que será feita
análise de fôlego, sobre todas as
operações da empresa, em caráter profundo e provavelmente demorado. "Faremos aos
poucos. Será um trabalho aprofundado, mas tudo dependerá
da disposição da empresa. Não
haverá imposições", afirmou.
No caso concreto, relacionado aos furtos dos pentes de memória que continham informações do campo de prospecção
de petróleo de Júpiter, Lacerda
disse, por exemplo, que a recomendação seria o transporte
dos laptops furtados por meio
de helicópteros e que os dados
fossem criptografados.
Lembrou, ainda, que a Abin
tem um serviço especializado
de criptografia usado por boa
parte dos órgãos públicos, inclusive a Presidência, o que inclui uma modalidade portátil,
que também poderia ter sido
usada, no mesmo episódio, para transportar os dados com
maior segurança.
A Petrobras já mantém com a
Abin, ao menos no papel, a assinatura do PNPC, que é o Plano
Nacional de Proteção ao Conhecimento, oferecido pela
agência a empresas públicas e
privadas nacionais. Não funcionava na prática.
Começará a operar agora. Segundo Lacerda, numa empresa
das dimensões da Petrobras,
"fica difícil prever todas as situações". "Já aconteceram outros furtos. Mas nessa ocasião,
infelizmente, ficou claro que há
uma vulnerabilidade perigosa
que precisa ser resolvida."
O superintendente da PF no
Rio, Valdinho Caetano, que esteve presente à tradicional solenidade de hasteamento da
bandeira da PF, todo primeiro
dia útil do mês, disse à Folha
que o comprador do único pente de memória vendido já foi
localizado e ouvido.
"Ele não comprou de má-fé,
pagou mais o menos o preço de
mercado, cerca de R$ 1.500,
confiava no vendedor e não tinha noção do conteúdo", afirmou Caetano, que deu o caso
como encerrado.
Os ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge
Felix, divulgaram nota oficial
conjunta sobre os episódio da
Petrobras. Também dão o caso
como encerrado, sob a tese do
crime comum, porque, dizem,
os responsáveis queriam os objetos para vendê-los e não sabiam do seu conteúdo.
Reconhecem, no entanto,
"que o fato se reveste de gravidade, pois, se delinqüentes comuns puderam ter acesso a tais
dados, ainda que involuntariamente, com relativa facilidade,
é porque o sistema de guarda e
segurança de materiais reservados revelaram fragilidade".
Tarso voltou a insistir no fato
de que o governo agiu corretamente ao tratar a questão como um assunto de Estado e
elogiou o trabalho conjunto e
bem-sucedido, em suas palavras, entre a Abin e a PF, o que
deverá se repetir em outras
ocasiões, disse o ministro.
A PF anunciou na sexta a prisão de quatro vigilantes que
trabalhavam para empresa de
segurança contratada pela Petrobras e os acusou pelo furto
dos equipamentos da estatal
federal.
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