São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Abin fará plano de segurança para Petrobras

Estatal já tinha acordo com agência de inteligência para proteção de dados, mas ele não funcionava

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) fará diagnóstico completo e montará um plano para superar as fragilidades em termos de guarda e transporte de dados sigilosos e estratégicos da Petrobras. A negociação está em curso e, para o caso concreto, dos furtos ocorridos em janeiro, as recomendações já foram apresentadas à estatal.
O diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, disse que será feita análise de fôlego, sobre todas as operações da empresa, em caráter profundo e provavelmente demorado. "Faremos aos poucos. Será um trabalho aprofundado, mas tudo dependerá da disposição da empresa. Não haverá imposições", afirmou.
No caso concreto, relacionado aos furtos dos pentes de memória que continham informações do campo de prospecção de petróleo de Júpiter, Lacerda disse, por exemplo, que a recomendação seria o transporte dos laptops furtados por meio de helicópteros e que os dados fossem criptografados.
Lembrou, ainda, que a Abin tem um serviço especializado de criptografia usado por boa parte dos órgãos públicos, inclusive a Presidência, o que inclui uma modalidade portátil, que também poderia ter sido usada, no mesmo episódio, para transportar os dados com maior segurança.
A Petrobras já mantém com a Abin, ao menos no papel, a assinatura do PNPC, que é o Plano Nacional de Proteção ao Conhecimento, oferecido pela agência a empresas públicas e privadas nacionais. Não funcionava na prática.
Começará a operar agora. Segundo Lacerda, numa empresa das dimensões da Petrobras, "fica difícil prever todas as situações". "Já aconteceram outros furtos. Mas nessa ocasião, infelizmente, ficou claro que há uma vulnerabilidade perigosa que precisa ser resolvida."
O superintendente da PF no Rio, Valdinho Caetano, que esteve presente à tradicional solenidade de hasteamento da bandeira da PF, todo primeiro dia útil do mês, disse à Folha que o comprador do único pente de memória vendido já foi localizado e ouvido.
"Ele não comprou de má-fé, pagou mais o menos o preço de mercado, cerca de R$ 1.500, confiava no vendedor e não tinha noção do conteúdo", afirmou Caetano, que deu o caso como encerrado.
Os ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Felix, divulgaram nota oficial conjunta sobre os episódio da Petrobras. Também dão o caso como encerrado, sob a tese do crime comum, porque, dizem, os responsáveis queriam os objetos para vendê-los e não sabiam do seu conteúdo.
Reconhecem, no entanto, "que o fato se reveste de gravidade, pois, se delinqüentes comuns puderam ter acesso a tais dados, ainda que involuntariamente, com relativa facilidade, é porque o sistema de guarda e segurança de materiais reservados revelaram fragilidade".
Tarso voltou a insistir no fato de que o governo agiu corretamente ao tratar a questão como um assunto de Estado e elogiou o trabalho conjunto e bem-sucedido, em suas palavras, entre a Abin e a PF, o que deverá se repetir em outras ocasiões, disse o ministro.
A PF anunciou na sexta a prisão de quatro vigilantes que trabalhavam para empresa de segurança contratada pela Petrobras e os acusou pelo furto dos equipamentos da estatal federal.


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