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Superávit da balança é o mais baixo desde 2002
Saldo em fevereiro fica em US$ 882 mi, segundo mês seguido abaixo de US$ 1 bi
Importações crescem 56%, e as exportações, 20%; preço alto de commodities ajuda a segurar saldo enquanto câmbio turbina importações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças ao aumento das importações, o saldo da balança
comercial ficou abaixo de US$ 1
bilhão pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, segundo
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O superávit, de US$ 882 milhões, foi o mais baixo já registrado desde junho de 2002.
Nos dois primeiros meses de
2008, as exportações superaram as importações em US$
1,826 bilhão. Já em fevereiro de
2007 o saldo havia sido de US$
2,899 bilhões -ou seja, em um
único mês do ano passado o superávit da balança foi mais de
50% maior do que o apurado no
último bimestre.
Nas últimas duas semanas de
fevereiro, a balança chegou a
apresentar déficit, o que não
acontecia desde 2002, com as
importações superando as exportações em US$ 175 milhões.
Apesar desses números, o secretário de Comércio Exterior
do ministério, Weber Barral,
disse que a expectativa do governo é que os resultados de janeiro e fevereiro não se repitam, na mesma magnitude, nos
próximos meses. "Não acreditamos que seja uma tendência."
Segundo Barral, o aumento
das importações -especialmente na segunda metade de
fevereiro- se deve a motivos
isolados, como uma concentração de embarques de trigo argentino e maiores gastos com a
compra de petróleo, devido ao
aumento na cotação do barril.
No mês passado, as importações somaram US$ 11,918 bilhões. Se considerada a média
das encomendas por dia útil, o
aumento, na comparação com
fevereiro de 2007, foi de 56%.
As exportações foram de US$
10,129 bilhões, crescimento de
20% pelo mesmo critério.
Sem citar números, Barral
disse que as importações devem continuar crescendo mais
que as exportações, mas não no
ritmo do primeiro bimestre.
Ontem, o governo aumentou
de US$ 172 bilhões para US$
180 bilhões sua meta para exportações em 2008. Se confirmado, representará aumento
de 12% em relação a 2007.
Preço
Para José Augusto de Castro,
vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil), a nova meta pode ser alcançada, mas não deve ser entendida que as exportações
brasileiras estão efetivamente
em expansão. "Não é o Brasil
que está aumentando as exportações. O que está aumentando
é o preço [dos exportados], e
quem determina o preço é o
mercado internacional. Se
amanhã o mundo virar de cabeça para baixo, muda tudo."
Castro cita os reajustes nos
preços de produtos como minério de ferro e soja para explicar o desempenho das exportações nos últimos meses, mesmo com o dólar em queda.
Já o economista Tomás Goulart, da Modal Asset Management, fala que o crescimento da
economia é o fator que, com a
ajuda da valorização do real, estimula a procura por produtos
importados. "A maior demanda
interna, principalmente, é que
apresenta maior pressão sobre
as importações", afirma.
Segundo Goulart, o saldo da
balança comercial deste ano
deve ficar em US$ 29 bilhões,
contra US$ 40 bilhões em 2007
-o Banco Central projeta superávit de US$ 30 bilhões. Essa
queda se explica, justamente,
pelo crescimento mais forte
nas importações.
Relatório preparado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial)
afirma que o dólar barato fez
com que os importados tomassem mercado da produção doméstica, tanto em relação a
bens de consumo quanto a matérias-primas.
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