São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emergentes garantem alta nos lucros do HSBC

EUA afetam dado global; no Brasil, avanço é de 31%

TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Sob pressão para vender sua financeira nos EUA, o gigante britânico HSBC anunciou ontem lucro líquido de US$ 19,13 bilhões em 2007, resultado 21% superior ao apurado no ano anterior. No Brasil, o banco teve ganho de R$ 1,24 bilhão -31% maior que em 2006- devido ao rápido crescimento no crédito.
O HSBC foi um dos poucos entre os grandes bancos internacionais a aumentar os ganhos em 2007, mesmo em meio à crise das hipotecas nos EUA. O desempenho se deve essencialmente à pujança econômica vivida pelos países emergentes, que contribuíram com 64% do resultado global do grupo antes de impostos -até o ano anterior, os emergentes somavam 47% dos ganhos.
O grupo britânico reconheceu perdas de US$ 2,13 bilhões no ano passado, a maioria relacionada com crédito "subprime" (de segunda linha) no mercado imobiliário americano.
Comprada em 2003 por US$ 15 bilhões, a financeira HFC atua no crédito para a população de baixa renda, especialmente a hispânica, nos EUA. A financeira teve sozinha perdas de US$ 11,7 bilhões em 2007, e o lucro das operações na América do Norte caiu de US$ 4,7 bilhões para US$ 91 milhões em 2007 -passou de 21,1% para 0,4% do total dos ganhos mundiais.
Conhecido como ativista pelo interesse dos acionistas minoritários, o gestor de fundos Knight Vinke pagou anúncio nos jornais britânicos para questionar a operação e a estratégia do HSBC nos EUA. "Não vamos vender. A venda agora é impraticável, irresponsável e nem um pouco razoável. Tomamos uma série de medidas para reestruturar o negócio nos EUA", disse Michael Geoghegan, o presidente-executivo mundial do HSBC.
"Salvo" pelos emergentes, o HSBC tem como meta obter 60% de seus resultados desses mercados, segundo Geoghegan. No ano passado, 34% do lucro bruto veio da Ásia. A América Latina contribuiu com 9% -sendo 3,63% do Brasil e 4% do México-, e o Oriente Médio, com 5%.

Bancos "caros" no Brasil
Menor entre os maiores bancos brasileiros, o HSBC teve lucro recorde de R$ 1,24 bilhão em 2007 no Brasil. Foi a primeira vez que apurou ganhos acima de R$ 1 bilhão no país. Primeiro estrangeiro a entrar no varejo brasileiro, o HSBC perdeu espaço quando o Santander comprou o Banespa, em 2000, e o ABN Real, no ano passado. Questionado se o banco não teria ficado muito pequeno para competir no Brasil, Geoghegan afirmou que não está preocupado com o tamanho, mas com o retorno e com a qualidade dos correntistas. Ele disse que não há grandes oportunidades para aquisição no país.
"Os bancos brasileiros e latino-americanos não estão baratos neste momento. Porque todos querem comprá-los. A economia vai bem e tem muito potencial. Temos que ver como os mercados vão se desenvolver."
Sem contar resultados extraordinários -como na venda da Serasa e na abertura de capital da Bovespa e da BM&F-, a alta nos ganhos do HSBC brasileiro seria de 12%. A carteira de crédito do HSBC subiu 33% e bateu em R$ 33,485 bilhões. Segundo Emilson Alonso, presidente do HSBC no Brasil, o crédito deve crescer entre 20% e 25% neste ano. "Como o mercado está crescendo rápido, as oportunidades são iguais para todos e não precisamos roubar cliente da concorrência. Quando isso mudar, haverá uma redução de preços", disse.


O jornalista TONI SCIARRETTA viajou a convite do HSBC.


Texto Anterior: Banco não discrimina custos, diz pesquisa
Próximo Texto: Mercado: Gerdau quer movimentar até R$ 4 bilhões com emissãio de ações
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.