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Emergentes garantem alta nos lucros do HSBC
EUA afetam dado global; no Brasil, avanço é de 31%
TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Sob pressão para vender sua
financeira nos EUA, o gigante
britânico HSBC anunciou ontem lucro líquido de US$ 19,13
bilhões em 2007, resultado 21%
superior ao apurado no ano anterior. No Brasil, o banco teve
ganho de R$ 1,24 bilhão -31%
maior que em 2006- devido ao
rápido crescimento no crédito.
O HSBC foi um dos poucos
entre os grandes bancos internacionais a aumentar os ganhos em 2007, mesmo em meio
à crise das hipotecas nos EUA.
O desempenho se deve essencialmente à pujança econômica
vivida pelos países emergentes,
que contribuíram com 64% do
resultado global do grupo antes
de impostos -até o ano anterior, os emergentes somavam
47% dos ganhos.
O grupo britânico reconheceu perdas de US$ 2,13 bilhões
no ano passado, a maioria relacionada com crédito "subprime" (de segunda linha) no mercado imobiliário americano.
Comprada em 2003 por US$ 15
bilhões, a financeira HFC atua
no crédito para a população de
baixa renda, especialmente a
hispânica, nos EUA. A financeira teve sozinha perdas de US$
11,7 bilhões em 2007, e o lucro
das operações na América do
Norte caiu de US$ 4,7 bilhões
para US$ 91 milhões em 2007
-passou de 21,1% para 0,4% do
total dos ganhos mundiais.
Conhecido como ativista pelo interesse dos acionistas minoritários, o gestor de fundos
Knight Vinke pagou anúncio
nos jornais britânicos para
questionar a operação e a estratégia do HSBC nos EUA.
"Não vamos vender. A venda
agora é impraticável, irresponsável e nem um pouco razoável.
Tomamos uma série de medidas para reestruturar o negócio
nos EUA", disse Michael Geoghegan, o presidente-executivo
mundial do HSBC.
"Salvo" pelos emergentes, o
HSBC tem como meta obter
60% de seus resultados desses
mercados, segundo Geoghegan. No ano passado, 34% do
lucro bruto veio da Ásia. A
América Latina contribuiu com
9% -sendo 3,63% do Brasil e
4% do México-, e o Oriente
Médio, com 5%.
Bancos "caros" no Brasil
Menor entre os maiores bancos brasileiros, o HSBC teve lucro recorde de R$ 1,24 bilhão
em 2007 no Brasil. Foi a primeira vez que apurou ganhos
acima de R$ 1 bilhão no país.
Primeiro estrangeiro a entrar no varejo brasileiro, o
HSBC perdeu espaço quando o
Santander comprou o Banespa,
em 2000, e o ABN Real, no ano
passado. Questionado se o banco não teria ficado muito pequeno para competir no Brasil,
Geoghegan afirmou que não está preocupado com o tamanho,
mas com o retorno e com a qualidade dos correntistas. Ele disse que não há grandes oportunidades para aquisição no país.
"Os bancos brasileiros e latino-americanos não estão baratos
neste momento. Porque todos
querem comprá-los. A economia vai bem e tem muito potencial. Temos que ver como os
mercados vão se desenvolver."
Sem contar resultados extraordinários -como na venda
da Serasa e na abertura de capital da Bovespa e da BM&F-, a
alta nos ganhos do HSBC brasileiro seria de 12%. A carteira de
crédito do HSBC subiu 33% e
bateu em R$ 33,485 bilhões.
Segundo Emilson Alonso,
presidente do HSBC no Brasil,
o crédito deve crescer entre
20% e 25% neste ano. "Como o
mercado está crescendo rápido, as oportunidades são iguais
para todos e não precisamos
roubar cliente da concorrência.
Quando isso mudar, haverá
uma redução de preços", disse.
O jornalista TONI SCIARRETTA
viajou a convite do HSBC.
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