São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Banco não discrimina custos, diz pesquisa

Desde ontem, o Custo Efetivo Total pago na tomada de um empréstimo tem de ser divulgado aos consumidores

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Levantamento da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) mostrou que os consumidores ainda não conseguiam saber ontem quanto realmente pagavam pelos custos embutidos em um financiamento. Mesmo com a entrada em vigor da norma do Banco Central que prevê a divulgação do CET (Custo Efetivo Total) em todas as operações de empréstimo e leasing, nenhum dos dez bancos pesquisados informou o percentual.
Em todas as 20 agências visitadas em São Paulo e Rio de Janeiro para simular a contratação de um empréstimo pessoal, a determinação do BC foi descumprida. Hessia Costilla, economista da Pro Teste, conta que numa delas a atendente afirmou saber o que era o CET e explicou erroneamente que era uma taxa que já estava incluída no valor das parcelas.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) preferiu não se pronunciar sobre a pesquisa.
O CET é a junção de todas as taxas e encargos, como TAC (Taxa de Abertura de Crédito), IOF e seguro. Com esse percentual, que se refere ao custo anual, o consumidor pode comparar qual instituição financeira ou loja oferece melhor condição de financiamento.
Para o professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho, "com a transparência vem a concorrência", e uma das possibilidades é a queda nos juros. "As pessoas têm muita dificuldade em fazer esses cálculos. Do ponto de vista do consumidor, é a decisão mais importante do BC nos últimos dez anos", avalia.
Em uma simulação feita pela Pro Teste (veja quadro ao lado), é possível constatar que um financiamento com juros de 5% ao mês e TAC de R$ 100 é muito mais vantajoso do que o mesmo empréstimo com juros de 1% ao mês e TAC de R$ 500.
Ainda assim, o professor do Ibmec São Paulo Jairo Saddi tem dúvidas se o CET vai mudar o cenário e afirma que grande parte da população não tem o hábito de pesquisar "quando a parcela cabe no bolso". Além disso, diz, "existe um problema de acesso à informação", questionando se os consumidores fora dos grandes centros vão saber que podem exigir o custo efetivo de um financiamento.
Segundo o BC, os juros cobrados nos empréstimos bancários em janeiro tiveram a maior alta, em relação ao mês anterior, em quase sete anos.
A nova regra também vale para os informes publicitários, que devem conter "de forma clara e legível" esse referencial, e não se aplica às operações de crédito rural e aos programas de crédito do governo.


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