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Banco não discrimina custos, diz pesquisa
Desde ontem, o Custo Efetivo Total pago na tomada de um empréstimo tem de ser divulgado aos consumidores
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Levantamento da Pro Teste
(Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) mostrou
que os consumidores ainda não
conseguiam saber ontem quanto realmente pagavam pelos
custos embutidos em um financiamento. Mesmo com a
entrada em vigor da norma do
Banco Central que prevê a divulgação do CET (Custo Efetivo Total) em todas as operações
de empréstimo e leasing, nenhum dos dez bancos pesquisados informou o percentual.
Em todas as 20 agências visitadas em São Paulo e Rio de Janeiro para simular a contratação de um empréstimo pessoal,
a determinação do BC foi descumprida. Hessia Costilla, economista da Pro Teste, conta
que numa delas a atendente
afirmou saber o que era o CET e
explicou erroneamente que era
uma taxa que já estava incluída
no valor das parcelas.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) preferiu não
se pronunciar sobre a pesquisa.
O CET é a junção de todas as
taxas e encargos, como TAC
(Taxa de Abertura de Crédito),
IOF e seguro. Com esse percentual, que se refere ao custo
anual, o consumidor pode comparar qual instituição financeira ou loja oferece melhor condição de financiamento.
Para o professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho, "com a transparência vem a concorrência", e
uma das possibilidades é a queda nos juros. "As pessoas têm
muita dificuldade em fazer esses cálculos. Do ponto de vista
do consumidor, é a decisão
mais importante do BC nos últimos dez anos", avalia.
Em uma simulação feita pela
Pro Teste (veja quadro ao lado),
é possível constatar que um financiamento com juros de 5%
ao mês e TAC de R$ 100 é muito
mais vantajoso do que o mesmo
empréstimo com juros de 1% ao
mês e TAC de R$ 500.
Ainda assim, o professor do
Ibmec São Paulo Jairo Saddi
tem dúvidas se o CET vai mudar o cenário e afirma que grande parte da população não tem
o hábito de pesquisar "quando
a parcela cabe no bolso". Além
disso, diz, "existe um problema
de acesso à informação", questionando se os consumidores
fora dos grandes centros vão
saber que podem exigir o custo
efetivo de um financiamento.
Segundo o BC, os juros cobrados nos empréstimos bancários em janeiro tiveram a
maior alta, em relação ao mês
anterior, em quase sete anos.
A nova regra também vale
para os informes publicitários,
que devem conter "de forma
clara e legível" esse referencial,
e não se aplica às operações de
crédito rural e aos programas
de crédito do governo.
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