São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Empresa diz que animais são bem tratados

DA REDAÇÃO

Uma das principais exportadoras de gado vivo a partir dos portos do Pará, a Kaiapós Fabril e Exportadora nega que haja maus-tratos aos animais.
Segundo Daniel Freire, gerente comercial da empresa, os lotes viajam em navios projetados para o transporte de gado.
"Há comida [silagem e ração balanceada] e água à vontade. Sempre existe acompanhamento de veterinários. Tudo é feito com o maior zelo, pois o comprador tem todo o interesse na sanidade do animal", afirma. "Se um animal morrer, o exportador deixará de receber. Também não é bom negócio", diz Freire, que compara as perdas em navios à mortandade em pastagens, de "1% ao ano".
"Todo o piso [das embarcações] é forrado com feno e serragem para oferecer maior conforto aos animais", diz Eduardo Daher, da Agropecuária Kakuri, que coordenou o embarque de 1.357 búfalos para a Venezuela em 22 de fevereiro a partir do porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA).
Nessa data, Belém estava impedido de embarcar animais, por causa de medida judicial que proibiu essa atividade dentro da cidade. A população reclama do trânsito de carretas e do mau cheiro nas imediações do bulevar Castilhos França.

Perda econômica
Além de citar o "sofrimento dos animais", a WSPA Brasil aponta perdas no recolhimento de tributos e no mercado de trabalho. Os prejuízos chegaram perto de US$ 500 milhões em 2007, estima Charli Ludtke, coordenadora de produção animal da WSPA.
Para Francisco Victer, dirigente da Uniec (União das Indústrias Exportadoras de Carne do Estado do Pará), exportação em gado "em pé" representa "concorrência desigual" em relação às indústria, a começar da tributação. Os embarques não recolhem impostos, diz.
Em cinco anos, a exportação de gado vivo do país saiu de patamares mínimos para se aproximar de meio milhão de cabeças. O rebanho bovino paraense, em contrapartida, se estagnou em 17,5 milhões de animais, diz Victer. O Estado conta com 29 frigoríficos, 8 dos quais aptos a exportar.
Paulo Afonso Costa, presidente do Sindicato da Indústria da Carne do Estado do Pará, defende a necessidade de um "planejamento estratégico".
"Há casos de navios que embarcam o equivalente ao abate mensal de um frigorífico", diz. Para ele, "a industrialização gera mais renda". Nessa conta, não entra apenas o que vira bife e outros cortes nas salas dos frigoríficos, mas os subprodutos aproveitados em uma série de atividades, como o processamento do couro e a indústria farmacêutica, entre outras.
Daniel Freire, gerente da Kaiapós Fabril e Exportadora, afirma que a queixa dos industriais se deve à concorrência pela aquisição da mesma matéria-prima -animais perto do ponto de abate.
Para Eduardo Daher, da Agropecuária Kakuri, "a exportação de gado vivo beneficia os produtores, que têm uma opção de negócio além dos frigoríficos brasileiros". (GF)


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