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EUA ganham tempo contra retaliação
Hillary defende "caminho pacífico" no caso do algodão e diz que foi acertado prazo de 30 dias para acordo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, defendeu ontem um "caminho
pacífico" para o conflito entre
os dois países em torno dos
subsídios dos EUA aos produtores de algodão e informou
que foi acertado um prazo de
30 dias para haver um acordo.
O Brasil ganhou na OMC
(Organização Mundial do Comércio) o direito de retaliação e
deverá anunciar na segunda os
produtos que servirão como
compensação, mas o chanceler
Celso Amorim também admitiu gestões para um acordo.
Em entrevista conjunta no
Itamaraty, Hillary disse que os
EUA destacaram dois altos funcionários para virem ao Brasil
tratar especificamente da questão do algodão, que também
ocupa boa parte da energia do
novo embaixador americano
em Brasília, Thomas Shannon.
Na primeira entrevista ao
chegar a Brasília, Shannon
aventou a possibilidade de
"contrarretaliações", caso o
Brasil insistisse em usar o direito de retaliar os EUA. A chancelaria brasileira não gostou.
Ontem, Amorim ficou entre a
ironia e a acidez para dizer que
o Brasil não aceita esse tipo de
ameaça. "Não posso crer que os
EUA, que lideraram a criação
de mecanismos como o Gatt e a
própria OMC, venham a tomar
medidas totalmente fora dos
padrões internacionais." Depois, sorridente, pediu desculpas prévias ao tradutor simultâneo da entrevista e acrescentou: "Desse susto não morro".
No entanto, Miguel Jorge
(Desenvolvimento) disse no
início da noite que o prazo
anunciado para um acordo se
trata apenas do tempo legal para a aplicação da medida após a
divulgação dos produtos que
deverão sofrer sobretaxação.
"O prazo não tem nada a ver
com a visita de Hillary. As normas da OMC estabelecem que a
retaliação só pode entrar em vigor 30 dias após a publicação da
lista. Nesse período pode haver
negociação ou não."
LEIA MAIS sobre a visita
de Hillary no caderno Brasil
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