São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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EUA ganham tempo contra retaliação

Hillary defende "caminho pacífico" no caso do algodão e diz que foi acertado prazo de 30 dias para acordo

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, defendeu ontem um "caminho pacífico" para o conflito entre os dois países em torno dos subsídios dos EUA aos produtores de algodão e informou que foi acertado um prazo de 30 dias para haver um acordo.
O Brasil ganhou na OMC (Organização Mundial do Comércio) o direito de retaliação e deverá anunciar na segunda os produtos que servirão como compensação, mas o chanceler Celso Amorim também admitiu gestões para um acordo.
Em entrevista conjunta no Itamaraty, Hillary disse que os EUA destacaram dois altos funcionários para virem ao Brasil tratar especificamente da questão do algodão, que também ocupa boa parte da energia do novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon.
Na primeira entrevista ao chegar a Brasília, Shannon aventou a possibilidade de "contrarretaliações", caso o Brasil insistisse em usar o direito de retaliar os EUA. A chancelaria brasileira não gostou.
Ontem, Amorim ficou entre a ironia e a acidez para dizer que o Brasil não aceita esse tipo de ameaça. "Não posso crer que os EUA, que lideraram a criação de mecanismos como o Gatt e a própria OMC, venham a tomar medidas totalmente fora dos padrões internacionais." Depois, sorridente, pediu desculpas prévias ao tradutor simultâneo da entrevista e acrescentou: "Desse susto não morro".
No entanto, Miguel Jorge (Desenvolvimento) disse no início da noite que o prazo anunciado para um acordo se trata apenas do tempo legal para a aplicação da medida após a divulgação dos produtos que deverão sofrer sobretaxação.
"O prazo não tem nada a ver com a visita de Hillary. As normas da OMC estabelecem que a retaliação só pode entrar em vigor 30 dias após a publicação da lista. Nesse período pode haver negociação ou não."


LEIA MAIS sobre a visita de Hillary no caderno Brasil


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