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CRISE
Suspeita é de corrupção
Japão diz que investigará 'mister iene'
MARCIO AITH
enviado especial
Uma séria denúncia feita ontem no
Parlamento japonês colocou em risco o cargo do poderoso vice-ministro
das Finanças e espécie de porta-voz do
governo japonês para assuntos econômicos, Eisuke Sakakibara, que carrega
há anos o apelido de "mister iene" por
suas declarações em defesa da moeda
local.
Um deputado de oposição e ex-líder sindical denunciou no Parlamento o envolvimento de Sakakibara numa espécie de "extorsão"
feita em 1991 contra a Daiwa Securities, uma das maiores corretoras
do Japão.
Segundo o deputado Shozo Kusakawa, do partido Heiwa-Kaikaku (oposição), Sakakibara, então
chefe de um escritório regional do
ministério das Finanças, exigiu
que a corretora devolvesse a um
amigo seu US$ 1,7 milhão em perdas ocorridas no mercado de
ações.
O amigo, presidente de uma
companhia cujo nome não foi revelado, teria pago ao menos 15
jantares de cerca de US$ 400 cada
para Sakakibara naquele período.
Sakakibara é considerado a
maior autoridade econômica japonesa e, depois do primeiro-ministro Ryutaro Hashimoto, é o representante do governo japonês
mais influente na Europa e nos Estados Unidos. A denúncia de ontem fez o iene, a moeda local, cair
0,4% frente ao dólar.
A denúncia foi feita numa comissão pública do Parlamento, diretamente ao premiê e ao ministro
das Finanças, Hikaru Matsunaga.
O ministro das Finanças confirmou a existência da denúncia,
mas disse que Sakakibara já havia
sido inocentado em sindicância
interna. Ele disse, no entanto, que
iria rever a investigação para verificar se ela foi conduzida corretamente. O ministro confirmou que,
durante a sindicância, foi apurado
que Sakakibara havia telefonado
para a corretora.
O secretário-geral do Partido Liberal-Democrata (do governo),
Toshiro Muto, disse que Sakakibara apenas quis tentar consertar
um erro que a corretora havia cometido nas operações do amigo.
O premiê disse que "investigações devem ser conduzidas sempre que necessário para evitar o
descrédito da população com os
funcionários públicos".
Especula-se que Sakakibara, em
viagem aos países asiáticos, estaria
sendo "queimado" pelos próprios
companheiros do governo.
No mês passado, Sakakibara foi
violentamente atacado por deputados da situação e da oposição
por ter dito que a Constituição japonesa, formulada após a Segunda Guerra sob influência norte-americana, está obsoleta e deve ser
alterada.
As denúncias contra Sakakibara
ocorrem em um período de "caça
às bruxas" no Japão, após denúncias de corrupção no Ministério
das Finanças.
Ontem, um casal se matou devido às dificuldades financeiras na
empresa da família. Yasuo Nakajima, 54, e sua mulher, Akikko, 50,
se enforcaram na sala de casa, em
Tóquio, capital do país.
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