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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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DISTENSÃO

Ministro do Desenvolvimento já demonstra preocupação com queda; para Mantega, patamar de R$ 3,20 é bom

Dólar abaixo de R$ 3 "acende luz", diz Furlan

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo brasileiro deu ontem os primeiros sinais de preocupação com a valorização do real.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que, se a cotação do dólar cair para menos de R$ 3,00, "alguma luz colorida", de alerta, irá acender na economia brasileira.
E o ministro do Planejamento, Guido Mantega, afirmou que não seria "favorável" para as exportações que a taxa do dólar continuasse caindo muito. "O patamar atual, de R$ 3,20, é bom porque diminui a pressão inflacionária e continua sendo estimulante para o setor exportador", comentou.
Furlan é o ministro responsável pela área de exportações do país, um setor para o qual a valorização do real é motivo de preocupação. A alta do dólar foi um dos motivos que ajudaram as exportações brasileiras a chegar a US$ 15,045 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um recorde histórico para o período. Os altos superávits registrados na balança comercial têm ajudado o país a diminuir o déficit nas transações com o exterior.
Sua declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre se o governo tinha uma linha vermelha demarcando o ponto abaixo do qual a cotação do dólar exigiria algum tipo de providência. "Eu tenho. Acho que abaixo de R$ 3 já acende alguma luz colorida."
Furlan não quis dizer que tipo de instrumento o governo poderia acionar para conter a queda do dólar. "Não é a minha seara", respondeu. Mas admitiu preocupação com a volatilidade do câmbio.
"O ideal seria que o dólar fosse como a praia de Copacabana, que tem a maré alta e a maré baixa, mas a gente sabe quando sobe e quando desce", comparou o ministro.

Exportadores
A Folha publicou na edição de ontem preocupações de segmentos dos exportadores com a possibilidade de a cotação do dólar cair abaixo de R$ 3,20.
"Uma cotação inferior a R$ 3,20 começa a ser preocupante", disse o ex-secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior) Roberto Giannetti da Fonseca, sócio da Silex Trading.
Entretanto, segundo Furlan, "é um equívoco completo" [dos exportadores" achar que "o bom era quando o dólar estava alto".
Para ele, o Brasil precisa "ter os pés no chão" para poder crescer e gerar empregos. "Não é imaginar que vamos ficar pendurados em um dólar alto e que isso é a salvação de todo mundo. Não é", disse.
Para o ministro, o dólar a R$ 3,20 não representa nenhum obstáculo às metas do comércio exterior brasileiro para este ano. O governo trabalha, com base em previsões do mercado, com a perspectiva de obter superávit comercial (exportações menos importações) de US$ 16 bilhões.

Regas do jogo
O ministro Mantega ressaltou que o governo não vai mudar as regras do jogo. "O câmbio é flutuante e quem decide sobre compra ou venda de dólar é o BC."
"Espero que a taxa se estabilize em algum patamar. O mercado vai achar um ponto de equilíbrio", afirmou.
O ministro explicou que não acredita na possibilidade de o Banco Central comprar dólares para segurar a cotação. Mantega disse ainda que a redução da inflação calculada pela Fipe já é um reflexo da queda do dólar.
Na última segunda-feira, em entrevista à Folha, ele afirmou que o governo espera oferecer no próximo ano as condições para que o setor privado consiga estimular um crescimento econômico superior a 3%. Neste ano, o governo espera uma expansão de 2,2%.
Para ele, o ajuste nas contas públicas, que foi mantido pelo governo Lula, permitirá, no futuro, uma queda mais rápida das taxas de juros, hoje em 26,5% ao ano. E essa queda possibilitará, então, um ritmo mais acelerado da atividade econômica.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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