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NEGÓCIOS
Investidor brasileiro ignora crise política e amplia fatia em transações
Empresa nacional lidera aquisições
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mundo dos grandes negócios
passou ao largo da crise política
que se acentuou em março e culminou com a queda do ministro
da Fazenda. O número de fusões e
aquisições de empresas cresceu
21% no mês passado em relação a
março de 2005, totalizando 34
transações. No trimestre, porém,
houve queda: de 92 negócios, em
2005, para 87 nos primeiros três
meses deste ano, segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers.
Raul Beer, sócio da consultoria,
diz que o período analisado é curto para definir uma tendência,
mas sua projeção é de um crescimento de pelo menos 10% no volume total de fusões e aquisições
neste ano. "Os investidores estão
sem medo de investir, apesar da
crise política, do real valorizado e
do ano eleitoral", diz ele. Prova
disso é que o número de transações assessoradas pela Pricewaterhouse, entre junho do ano passado e fevereiro deste ano, aumentou 40%, informa.
Segundo Beer, "chama a atenção o fato de que as transações superiores a US$ 100 milhões cresceram no primeiro trimestre do
ano". Foram realizadas nove operações que somaram US$ 2,6 bilhões em comparação com as três
realizadas em igual período do
ano passado, movimentando US$
660 milhões.
No período, quem mais foi às
compras foram as empresas brasileiras: as transações lideradas
por elas aumentaram 28% em relação ao primeiro trimestre do
ano passado. Com isso, a participação dos investidores nacionais
nas fusões e nas aquisições de empresas no país saltou de 44%, no
primeiro trimestre de 2005, para
55% neste ano.
Segundo a consultoria, os investidores locais passaram a ganhar
espaço nesse mercado porque estão mais capitalizados e a valorização do real torna os ativos brasileiros mais caros para os estrangeiros. A valorização do real, segundo Beer, preocupa os estrangeiros, "mas só será empecilho às
transações se o investidor tiver a
perspectiva de que a moeda local
irá se desvalorizar. Ninguém trabalha com tal cenário, a preocupação é evitar que o real se valorize ainda mais".
No primeiro trimestre, empresas brasileiras adquiriram ativos
de estrangeiros, aqui e lá fora. Foi
o caso da Light, controlada pela
francesa EDF, comprada pelo
consórcio Rio Minas Energia, liderado pela Andrade Gutierrez e
a Cemig, e da aquisição das operações brasileiras da American Express, pelo Bradesco. No exterior,
a Votorantim Metais comprou
25% da Compañía Minera Milpo,
do Peru.
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