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Bolsa sobe 1,28% e volta a ficar no positivo no ano
Com a quarta elevação consecutiva, Bovespa acumula ganhos de 0,45% em 2008
Investidores vêem sinais de
que o pior pode ter passado, a partir do plano de resgate do Bear Stearns; Bolsa
também sobe em NY
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao subir 1,28% ontem, para
64.175 pontos, a Bovespa voltou a acumular ganhos neste
ano. A elevação total em 2008 é
de 0,45%. No final de fevereiro,
a Bolsa de Valores de São Paulo
chegou ao pico de 65.555 pontos, o que significava uma alta
de 2,61% em relação ao encerramento de 2007, mas os problemas no setor imobiliário nos
EUA e o temor de que a maior
potência mundial entre em recessão impediram que se mantivesse em território positivo.
"Creio que estejamos vendo
alguns sinais -ainda preliminares- de que a tendência está
realmente se invertendo", afirma Marco Franklin, sócio da
Paraty Investimentos. "É animador. No entanto, parece cedo para falar que se trata do fim
da crise. Continuando o cenário a evoluir nesse passo, as
chances de as turbulências se
dissiparem mais cedo aumentam um pouco."
Entre os sinais a que Franklin se refere, estão o aumento
de recursos disponíveis no
mercado de crédito interbancário americano e a valorização
do dólar ante outras moedas,
como o euro e o iene, nos últimos dias. "Houve uma notável
melhora no clima a partir do
plano de resgate ao banco Bear
Stearns [divulgado em 14 de
março]. Nessa época, o Fed
[Federal Reserve, banco central americano] anunciou a
criação de linhas especiais de
financiamento para socorrer
instituições que estivessem
precisando de liquidez, o que
surtiu efeito", comenta o analista.
A Bolsa paulista, que ontem
teve a quarta alta consecutiva, é
das primeiras a ensaiar uma recuperação neste momento.
Embora tenha avançado 0,16%
ontem, a Bolsa de Nova York
tem queda acumulada de
4,82% no ano. A Nasdaq (onde
se negociam ações de empresas
de tecnologia) teve alta de
0,08%, mas ainda amarga perdas de 10,9% em 2008. A Bolsa
de Londres acumula baixa de
8,76%; a de Paris, 12,94%; a de
Frankfurt, de 16,43%; a do Japão, de 12,53%.
O bom desempenho da Bovespa se deve à melhora dos
fundamentos da economia brasileira -estabilidade da moeda,
superávit comercial, aumento
das reservas internacionais- e
à perspectiva de que o país consiga sustentar nos próximos
anos o crescimento verificado
recentemente. Além disso, os
economistas esperam que os
preços das matérias-primas
agrícolas e metálicas no exterior se mantenham em patamar elevado. A maior parte das
companhias que têm ações listadas na Bolsa local é ligada a
esse segmento.
De acordo com operadores,
passado o pânico que os levou a
sair da Bolsa, os estrangeiros
estão começando a voltar a
comprar ações no Brasil. Um
dos papéis preferidos é o da Petrobras. O preferencial (PN) teve valorização de 1,19% ontem,
a R$ 78,70, e o ordinário (ON)
ganhou 1,45%, a R$ 94,86. "A
empresa teve uma série de boas
notícias neste ano. Tudo indica
que os preços do petróleo mudaram mesmo de patamar, oscilando entre US$ 90 e US$ 110
o barril. Existe a expectativa de
um aumento de produção e de
reajuste do preço dos combustíveis", explica Franklin.
Dúvidas
Wall Street começou o dia de
mau humor devido a indicadores ruins sobre nível de emprego. O Departamento do Trabalho informou que os pedidos de
seguro-desemprego subiram
38 mil na semana terminada
em 29 de março, para 407 mil.
É o mais alto patamar desde setembro de 2005. As previsões
dos especialistas eram que ficassem em 365 mil.
No entanto, o setor de serviços proporcionou um certo alívio. O índice da consultoria
ISM, que mede a atividade no
setor, apontou ligeira melhora,
subindo de 49,3 pontos em fevereiro para 49,6 pontos em
março. Leituras acima de 50
pontos querem dizer expansão;
abaixo, contração. A estimativa
do mercado era de 48,5 pontos.
Depois desses dados, as Bolsas em Nova York encontraram
forças para subir. Em dúvida
sobre os rumos da economia
americana, os investidores preferiram retomar o otimismo,
apostando que a situação já se
afastou do ponto crítico.
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