São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Bolsa sobe 1,28% e volta a ficar no positivo no ano

Com a quarta elevação consecutiva, Bovespa acumula ganhos de 0,45% em 2008

Investidores vêem sinais de que o pior pode ter passado, a partir do plano de resgate do Bear Stearns; Bolsa também sobe em NY

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao subir 1,28% ontem, para 64.175 pontos, a Bovespa voltou a acumular ganhos neste ano. A elevação total em 2008 é de 0,45%. No final de fevereiro, a Bolsa de Valores de São Paulo chegou ao pico de 65.555 pontos, o que significava uma alta de 2,61% em relação ao encerramento de 2007, mas os problemas no setor imobiliário nos EUA e o temor de que a maior potência mundial entre em recessão impediram que se mantivesse em território positivo.
"Creio que estejamos vendo alguns sinais -ainda preliminares- de que a tendência está realmente se invertendo", afirma Marco Franklin, sócio da Paraty Investimentos. "É animador. No entanto, parece cedo para falar que se trata do fim da crise. Continuando o cenário a evoluir nesse passo, as chances de as turbulências se dissiparem mais cedo aumentam um pouco."
Entre os sinais a que Franklin se refere, estão o aumento de recursos disponíveis no mercado de crédito interbancário americano e a valorização do dólar ante outras moedas, como o euro e o iene, nos últimos dias. "Houve uma notável melhora no clima a partir do plano de resgate ao banco Bear Stearns [divulgado em 14 de março]. Nessa época, o Fed [Federal Reserve, banco central americano] anunciou a criação de linhas especiais de financiamento para socorrer instituições que estivessem precisando de liquidez, o que surtiu efeito", comenta o analista.
A Bolsa paulista, que ontem teve a quarta alta consecutiva, é das primeiras a ensaiar uma recuperação neste momento. Embora tenha avançado 0,16% ontem, a Bolsa de Nova York tem queda acumulada de 4,82% no ano. A Nasdaq (onde se negociam ações de empresas de tecnologia) teve alta de 0,08%, mas ainda amarga perdas de 10,9% em 2008. A Bolsa de Londres acumula baixa de 8,76%; a de Paris, 12,94%; a de Frankfurt, de 16,43%; a do Japão, de 12,53%.
O bom desempenho da Bovespa se deve à melhora dos fundamentos da economia brasileira -estabilidade da moeda, superávit comercial, aumento das reservas internacionais- e à perspectiva de que o país consiga sustentar nos próximos anos o crescimento verificado recentemente. Além disso, os economistas esperam que os preços das matérias-primas agrícolas e metálicas no exterior se mantenham em patamar elevado. A maior parte das companhias que têm ações listadas na Bolsa local é ligada a esse segmento.
De acordo com operadores, passado o pânico que os levou a sair da Bolsa, os estrangeiros estão começando a voltar a comprar ações no Brasil. Um dos papéis preferidos é o da Petrobras. O preferencial (PN) teve valorização de 1,19% ontem, a R$ 78,70, e o ordinário (ON) ganhou 1,45%, a R$ 94,86. "A empresa teve uma série de boas notícias neste ano. Tudo indica que os preços do petróleo mudaram mesmo de patamar, oscilando entre US$ 90 e US$ 110 o barril. Existe a expectativa de um aumento de produção e de reajuste do preço dos combustíveis", explica Franklin.

Dúvidas
Wall Street começou o dia de mau humor devido a indicadores ruins sobre nível de emprego. O Departamento do Trabalho informou que os pedidos de seguro-desemprego subiram 38 mil na semana terminada em 29 de março, para 407 mil. É o mais alto patamar desde setembro de 2005. As previsões dos especialistas eram que ficassem em 365 mil.
No entanto, o setor de serviços proporcionou um certo alívio. O índice da consultoria ISM, que mede a atividade no setor, apontou ligeira melhora, subindo de 49,3 pontos em fevereiro para 49,6 pontos em março. Leituras acima de 50 pontos querem dizer expansão; abaixo, contração. A estimativa do mercado era de 48,5 pontos.
Depois desses dados, as Bolsas em Nova York encontraram forças para subir. Em dúvida sobre os rumos da economia americana, os investidores preferiram retomar o otimismo, apostando que a situação já se afastou do ponto crítico.


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