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PETRÓLEO
Desde a instalação da agência no Rio, não houve encontro entre Zilbersztajn e o presidente da estatal
Diálogo é difícil entre Petrobrás e ANP
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A proximidade física entre a sede
da Petrobrás e a da ANP (Agência
Nacional de Petróleo) não serviu
para esquentar as relações entre o
diretor-geral da agência, David
Zilbersztajn, e o presidente da Petrobrás, Joel Rennó.
Passado um mês da instalação da
ANP no Rio, eles não se visitaram
nem tomaram iniciativa concreta
nesse sentido.
A frieza no relacionamento entre
o dirigente máximo da agência
oficial que regula o setor do petróleo e a empresa que representa o
Estado no setor, mantendo ainda
seu virtual monopólio, preocupa
setores da Petrobrás. Eles começam a fazer gestões para promover
uma aproximação.
A idéia, ainda embrionária, é
agendar uma visita de Rennó a Zilbersztajn, já que a ANP tem ascendência sobre a Petrobrás.
Os gabinetes de Rennó e de Zilbersztajn estão a menos de 50 metros de distância, no centro do
Rio.
Vizinhos
A sede provisória da ANP fica no
12º andar da sede regional do Banco do Brasil.
O prédio fica de fundos para o da
Petrobrás, no qual Rennó despacha no 24º andar.
O relacionamento entre os dois
funcionários do Executivo tem sido difícil desde que a ANP foi instalada, em dezembro do ano passado. Zilbersztajn chegou dizendo
que a Petrobrás teria que se enquadrar nas novas regras do mercado, agora aberto.
Disse ainda que a estatal, que
pleiteia quase 400 áreas para explorar e produzir petróleo no Brasil, só tinha asseguradas para si
aquelas nas quais ela já tem produção em andamento.
A afirmação seria uma mera ratificação do que está dito na nova
lei do petróleo (lei 9.478) se não
houvesse um histórico de atritos
entre Rennó e Zilberstajn.
Os dois vinham de discordâncias
sobre o gasoduto Bolívia-Brasil na
época em que o diretor da ANP era
secretário de Energia do Estado de
São Paulo.
Zilbersztajn chegou a explicitar
que não era amigo de Rennó, embora negasse ser inimigo.
Os pleitos da Petrobrás sobre
áreas de exploração estão nas
mãos da ANP, que deve se pronunciar até agosto sobre eles, levando em conta a capacidade financeira individual da estatal, sem
contar possíveis parceiros.
Além de diretor-geral da ANP,
Zilbersztajn é genro do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Aliados de Rennó acham que, pelos dois motivos, convém derreter
a camada invisível de gelo que separa os dois gabinetes.
Diretoria
De acordo com um membro do
alto escalão da Petrobrás ouvido
pela Folha, o processo de adequação da empresa à lei das sociedades anônimas, por conta da extinção do monopólio, não está preocupando a diretoria da empresa.
Pela lei, a diretoria da estatal,
que tem maioria no Conselho de
Administração da empresa, só poderá ficar com um terço dos cargos, não havendo nenhum impedimento para a separação total entre o conselho e a diretoria.
A conclusão desse dirigente é
que a perda da cadeira no Conselho de Administração não parece
significar a perda imediata do lugar na diretoria.
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