DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro do Itaú, segundo maior banco privado do país, foi de R$ 504 milhões no primeiro trimestre deste ano, o que representou uma retração de 19,3% em relação ao resultado alcançado no mesmo período em 2001.
O resultado menor, embora considerado bom por analistas do setor, foi consequência principalmente da redução das receitas de crédito da instituição, da redução das taxas de juros, da estabilidade do câmbio e do aumento das provisões para empréstimos de recebimento incerto.
O Itaú lucrou 13,2% a menos com operações de crédito, cuja receita caiu de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2001 para R$ 1,5 bilhão no mesmo período deste ano. A menor receita com empréstimos é explicada tanto pela redução da taxa de juros, que caíram de 19% para 18,5% este ano, como pela contração da carteira de crédito da instituição, que diminuiu 5,2% em relação a dezembro de 2001.
Segundo o banco, a redução de 54% nos empréstimos do Banco Itaú Buen Ayre, na Argentina, em razão da desvalorização do peso, contribuiu muito para o encolhimento da carteira de crédito.
De acordo com Silvio Carvalho, diretor-executivo de controladoria do Itaú, a estabilidade do câmbio entre janeiro e março deste ano também contribuiu para a redução do lucro da instituição.
Ao contrário do que ocorreu neste ano, no primeiro trimestre de 2001 a desvalorização de 10,5% do real havia levado a uma valorização dos ativos do banco em suas subsidiárias no exterior.
Assim como os outros bancos que já publicaram balanços referentes ao primeiro trimestre, o Itaú também revelou uma maior preocupação com a inadimplência. O saldo total de provisão para empréstimos de recebimento duvidoso passou de R$ 2,035 bilhões, no primeiro trimestre deste ano, para R$ 2,668 bilhões, um aumento de 31%.
Segundo o analista Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Asis, o aumento da provisão também contribuiu para a redução do resultado do banco.
O recuo nas taxas de juros levou o Itaú a registrar uma menor receita com operações de títulos públicos -ela caiu 18,7% no último trimestre em comparação ao mesmo período em 2001.
"A queda dos juros também teve um impacto negativo na receita do banco com crédito", disse Rodrigues, da Austin Asis. (ÉRICA FRAGA)


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