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País precisa de menos empréstimos em 2003
LEONARDO SOUZA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil vai precisar captar em
2003, entre empréstimos e investimentos diretos na economia,
cerca de US$ 43 bilhões no mercado internacional para fechar suas
contas externas. O valor, obtido a
partir de estimativas feitas pelo
Banco Central e pelo mercado, é
10% menor do que os US$ 47,7 bilhões que devem ser necessários
neste ano.
No mercado interno, serão R$
142,247 bilhões de títulos públicos
federais (que representam dívida)
que terão de ser renovados no ano
que vem, contra R$ 176,9 estimados para 2002.
Se a rolagem da dívida do país
dependesse somente do total a ser
pago, o próximo presidente iniciaria seu mandato sem maiores
dificuldades para lidar com os
credores externos e internos do
Brasil. Mas o que determinará o
maior ou menor grau de dificuldade para financiar as contas externas e interna do país será o juro
que os credores cobrarão para
continuar a emprestar ao país, dado o risco que o novo governo representará para o pagamento de
suas dívidas.
"O tom dos candidatos [à Presidência da República" quanto ao
que farão em relação à rolagem
das dívidas vai contribuir para a
definição de juros maiores ou menores. Evidentemente, se o discurso for o de penalizar o credor,
ele ficará refratário a emprestar ao
país", disse Octavio de Barros,
economista-chefe do BBV Banco.
Ou seja, quanto maior a aversão
do investidor estrangeiro, mais altos serão os juros cobrados do tomador do crédito (o Brasil).
A maior parte do endividamento externo do país hoje é do setor
privado, e não do público. Dos
US$ 26,114 bilhões de amortizações para este ano, US$ 16,677 bilhões são do setor privado.
Juros altos inibem o tomador
privado a renovar seus empréstimos no exterior. Muitos optam
por buscar o crédito no mercado
local, em reais. Menor ingresso de
dólares na economia pode significar maior pressão sobre o câmbio.
Depreciações da moeda costumam representar aumento da inflação. Inflação mais alta dá menos espaço ao BC para reduzir os
juros básicos da economia.
Numa situação como essa, o endividamento sobe por dois lados.
No primeiro, a dívida lá fora aumenta pois os juros cobrados para renová-la são maiores. No mercado interno, a parcela da dívida
atrelada a moeda estrangeira e a
pós-fixada (corrigida a juros de
mercado) se elevam.
Segundo dados do BBV Banco,
a taxa de renovação dos empréstimos privados externos em março
estava em 68,5%. Naquele mês, o
dólar manteve-se praticamente
estável, entre outros motivos,
porque o ingresso de investimento direto no país tem se mantido
alto, garantindo boa quantidade
de dólares na economia para cobrir as contas externas.
Mas a taxa de juros cobrada no
exterior para a negociação dos títulos brasileiros tem subido nos
últimos dias. Também contribuiu
para a piora do quadro brasileiro
o aumento da inflação acima do
previsto pelo governo, o que fez o
BC a segurar a baixa de juros.
A necessidade de financiamento externo de um país é calculada
com base nos gastos com o pagamento de parcelas da dívida externa e no déficit em transações correntes.
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