|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exportador brasileiro renegocia com vizinho
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar maiores prejuízos
com as vendas à Argentina, os exportadores brasileiros partiram
para a renegociação de prazos e
redução dos juros cobrados de
seus compradores. As companhias nacionais ainda têm a receber cerca de US$ 500 milhões dos
importadores argentinos, segundo a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A maior dificuldade hoje em receber é que muitas empresas argentinas estão quebradas ou com
grave problema de caixa (sem recursos disponíveis). "Não há outro jeito, temos de negociar. A situação lá é seriíssima", disse José
Rubens de la Rosa, diretor-geral
da Marcopolo, fabricante de ônibus que teve em 2001 faturamento
líquido de R$ 1,05 bilhão.
"Sem dúvida, muitos importadores já quebraram. Eles compravam mercadoria à relação de um
para um [um dólar valia um peso", agora devem três para um
[para cada dólar de dívida são necessários três pesos". O maior
problema agora é do importador", diz José Augusto de Castro,
diretor da AEB.
Segundo De la Rosa, a Marcopolo tem ampliado os prazos de
pagamento para os exportadores
e reduzido os juros cobrados.
Pelo balanço de 2001, a empresa
ainda tinha R$ 34 milhões a receber de companhias argentinas. De
la Rosa ressalta que a empresa
tem algumas vantagens em relação a outros exportadores. "Temos garantias para todas as vendas. Em último caso, podemos retomar os ônibus. Além disso, nossos compradores estão com seus
ônibus rodando. É um cliente que
sempre arrecada. O caso é dar
prazo para eles pagarem."
O setor calçadista tem sido um
dos mais prejudicados com a crise
argentina. O país vizinho representava aproximadamente 11%
das exportações do setor, que no
ano passado somaram US$ 1,6 bilhão. "Depois da desvalorização
do peso, eles [os importadores" ficaram sem condições de pagar.
Estamos renegociando os prazos", disse Ênio Schein, vice-presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados).
Segundo Schein, ainda não se
pode falar em perdas para o setor
justamente porque os exportadores estão concedendo mais tempo
para que os compradores retomem os pagamentos. De acordo
com ele, a grande maioria dos
empresários não chegará nem a
cobrar juros dos importadores.
Para De la Rosa, o governo tem
de acelerar a implantação do novo modelo de CCR (Convênio de
Crédito Recíproco) -um tipo de
seguro que garante o pagamento
das exportações dos países conveniados- para que o comércio entre os dois países seja reativado.
Em maio de 2000, o Banco Central do Brasil limitou as operações
de comércio por esse mecanismo
a valores de até US$ 100 mil e a
prazos de financiamento de até
um ano. Por isso, o CCR é praticamente inexistente hoje.
Texto Anterior: Duhalde vai enfrentar primeira grande greve Próximo Texto: Empresa pára exportações desde outubro Índice
|