São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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LOGÍSTICA

Objetivo é evitar que a mineradora exerça seu poder de veto na MRS; Steinbruch diz que "monopólio está fora de moda"

Governo restringirá poder da Vale em ferrovia

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo pretende anunciar, até a próxima sexta-feira, medidas de restrição ao poder da Companhia Vale do Rio Doce na MRS Logística, concessionária responsável pela Malha Sudeste.
A intenção é ordenar à Vale que todas as decisões relativas à MRS sejam submetidas a um acordo de acionistas e evitar que a mineradora exerça seu poder de veto no grupo controlador da ferrovia.
A determinação valerá até que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decida se a Vale terá de vender as ações excedentes a 20% de sua participação na ferrovia. A venda foi recomendada pela Procuradoria Geral do Cade em meados de abril.
Hoje, a Vale detém 40% da MRS, considerada uma das mais importantes da logística do país. Seus trilhos cortam os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Serve, portanto, para escoar minério, cimento e grãos para os portos de Santos (SP) e Sepetiba (RJ).

Fora de moda
"Hoje em dia, o monopólio está fora de moda", disse o diretor-presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch, na última segunda. "Falo [isso para o presidente da Vale, Roger Agnelli] todas as vezes em que tenho oportunidade."
A CSN -assim como a Gerdau e a Usiminas- é sócia da Vale na MRS. Para Steinbruch, a Vale caminha para deter o monopólio da mineração no Brasil, o que dificulta investimentos no setor e interfere na logística nacional.
"Antes do descruzamento [operação realizada em 2000 pela Vale e pela CSN], a Vale não detinha um monopólio. Mas, a partir do momento em que comprou a Ferteco, a KM e as outras [mineradoras] todas, ela tem de abrir mão de algo", avaliou Steinbruch.
O argumento usado por Steinbruch é que a mineradora possui interesses conflitantes, uma vez que controla também a ferrovia Vitória-Minas, concorrente da MRS Logística.
"Nós [da MRS] precisamos ter uma logística independente e que não tenha interferência do maior acionista da Vitória-Minas no eixo em que ela compete diretamente [com a MRS]", disse Steinbruch, referindo-se à Vale do Rio Doce.
"Senão, ficam inviabilizados os investimento e a estratégia."
Outro pomo de discórdia entre a siderúrgica e a Vale do Rio Doce é a Casa de Pedra, mina da CSN. A Vale entrou na Justiça para barrar a venda a compradores japoneses de minério extraído da Casa da Pedra. Alegou direito de preferência na aquisição.
Steinbruch não gostou. "Queremos ter o direito de oferecer o produto, aqui e lá fora, de forma livre, para poder atender nossos clientes de maneira direta", afirmou o presidente da CSN.
Procurada, a Vale não quis comentar o caso MRS e a entrevista de Steinbruch.


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