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LOGÍSTICA
Objetivo é evitar que a mineradora exerça seu poder de veto na MRS; Steinbruch diz que "monopólio está fora de moda"
Governo restringirá poder da Vale em ferrovia
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo pretende anunciar,
até a próxima sexta-feira, medidas de restrição ao poder da Companhia Vale do Rio Doce na MRS
Logística, concessionária responsável pela Malha Sudeste.
A intenção é ordenar à Vale que
todas as decisões relativas à MRS
sejam submetidas a um acordo de
acionistas e evitar que a mineradora exerça seu poder de veto no
grupo controlador da ferrovia.
A determinação valerá até que o
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) decida se a
Vale terá de vender as ações excedentes a 20% de sua participação
na ferrovia. A venda foi recomendada pela Procuradoria Geral do
Cade em meados de abril.
Hoje, a Vale detém 40% da
MRS, considerada uma das mais
importantes da logística do país.
Seus trilhos cortam os Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. Serve, portanto, para escoar minério, cimento e grãos para os portos de Santos (SP) e Sepetiba (RJ).
Fora de moda
"Hoje em dia, o monopólio está
fora de moda", disse o diretor-presidente da CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional), Benjamin
Steinbruch, na última segunda.
"Falo [isso para o presidente da
Vale, Roger Agnelli] todas as vezes em que tenho oportunidade."
A CSN -assim como a Gerdau
e a Usiminas- é sócia da Vale na
MRS. Para Steinbruch, a Vale caminha para deter o monopólio da
mineração no Brasil, o que dificulta investimentos no setor e interfere na logística nacional.
"Antes do descruzamento [operação realizada em 2000 pela Vale
e pela CSN], a Vale não detinha
um monopólio. Mas, a partir do
momento em que comprou a Ferteco, a KM e as outras [mineradoras] todas, ela tem de abrir mão de
algo", avaliou Steinbruch.
O argumento usado por Steinbruch é que a mineradora possui
interesses conflitantes, uma vez
que controla também a ferrovia
Vitória-Minas, concorrente da
MRS Logística.
"Nós [da MRS] precisamos ter
uma logística independente e que
não tenha interferência do maior
acionista da Vitória-Minas no eixo em que ela compete diretamente [com a MRS]", disse Steinbruch, referindo-se à Vale do Rio
Doce.
"Senão, ficam inviabilizados os
investimento e a estratégia."
Outro pomo de discórdia entre
a siderúrgica e a Vale do Rio Doce
é a Casa de Pedra, mina da CSN. A
Vale entrou na Justiça para barrar
a venda a compradores japoneses
de minério extraído da Casa da
Pedra. Alegou direito de preferência na aquisição.
Steinbruch não gostou. "Queremos ter o direito de oferecer o
produto, aqui e lá fora, de forma
livre, para poder atender nossos
clientes de maneira direta", afirmou o presidente da CSN.
Procurada, a Vale não quis comentar o caso MRS e a entrevista
de Steinbruch.
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