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Governo Morales quer alta de 45%
DA ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ
Brasil e Bolívia terão a partir de
agora um duro enfrentamento na
negociação do preço do gás. O governo de Evo Morales quer elevá-lo em cerca de 45%, o que significaria US$ 8,00 o milhar de metro
cúbico para o consumidor final.
Hoje, o gás chega a São Paulo a
um preço próximo de US$ 5,50 o
milhar de metro cúbico.
A pretensão boliviana foi anunciada pelo ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, em
entrevista coletiva concedida em
uma das refinarias da Petrobras
na cidade de Santa Cruz.
"Fizemos notar aos amigos da
Petrobras que eles, pelos combustíveis que produzem no Brasil
comparáveis com o gás boliviano,
estão pagando mais de US$ 7, US$
7,50. E, em geral, a tendência é que
o preço de gás seja aumentado
por seu valor ecológico, não-contaminante. Isso, do ponto de vista
conceitual, significa que se deveria -e não estou dizendo que é
uma coisa fechada- aumentar
de US$ 5,50 para US$ 8. Deveria
ser assim", declarou o ministro.
A Folha apurou que a Petrobras
considera que US$ 6,00 para o
consumidor final é o máximo a
que pode chegar. A partir desse
valor, a compra de gás boliviano
se tornaria inviável do ponto de
vista econômico. Tanto os US$
8,00 pedido pelo bolivianos quanto os US$ 6,00 já incluem os custos de transporte do produto.
O problema é que o gás não é
uma commoditie que a Bolívia
pode vender a outro país caso o
Brasil se recuse a comprá-lo. O gasoduto Bolívia-Brasil é o principal
meio de transporte do produto e o
Brasil, seu principal consumidor.
Ainda que a Bolívia encontrasse
outro mercado para o gás, haveria
um longo prazo até que sua venda
fosse viabilizada.
A posição do Brasil na negociação também é desconfortável. O
investimento da Petrobras na Bolívia e a construção do gasoduto
tornaram o país dependente da
produção do país vizinho, que
responde por cerca de 60% do
consumo de gás no Brasil.
A Bolívia também não pode
simplesmente interromper a exportação de gás ao Brasil, já que
não tem capacidade de armazenamento do produto. Sua única
alternativa seria queimá-lo, o que
é considerado desastroso do ponto de vista político.
Apesar do confronto, o governo
boliviano afirmou que o fornecimento de gás ao Brasil está garantido. Indicou ainda que a negociação de preços pode durar até o fim
do ano. "A idéia é que iniciemos
2007 com novos preços, se for
possível, antes", declarou o vice-presidente do país, Álvaro Garcia
Linera, em entrevista ao jornal
"La Razón".
O ministro de Hidrocarbonetos
afirmou que o aumento do preço
do gás é "muito importante" para
a Bolívia. Segundo ele, cada dólar
a mais no preço do produto eleva
a arrecadação boliviana em US$
350 milhões ao ano. Mesmo defendendo um aumento que está
longe do visto como aceitável pela
Petrobras, Soliz Rada disse acreditar que será possível chegar a
"um bom equilíbrio. "Entendemos as dificuldades também expostas pela Petrobras."
(CLÁUDIA TREVISAN E FABIANO MAISONNAVE)
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