São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Países mais pobres do bloco negociam reformulação que lhes permita atrair mais investimentos

Uruguai e Paraguai querem mudar Mercosul

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MONTEVIDÉU

Uruguai e Paraguai negociam uma reformulação no Mercosul para permitir que, como membros mais pobres, possam atrair investimentos externos importantes em suas economias. Enquanto Brasil e Argentina têm realizado freqüentes reuniões bilaterais, eles já promovem contatos paralelos.
Os contatos foram confirmados pela chancelaria paraguaia. ""É necessário aprofundar o Mercosul", disse o vice-chanceler paraguaio, Rúben Lescano, que vê uma ""conjuntura crítica em razão da falta de instrumentos para a construção comunitária" referente a acordos externos.
Já na noite de segunda, quando a imprensa uruguaia divulgou a possibilidade de o país mudar de status no Mercosul (deixando de ser membro pleno e passando a mero sócio), o chanceler uruguaio, Geraldo Gargano, telefonou de Washington (onde está com o presidente Tabaré Vázquez) para a chanceler paraguaia, Leila Rachid, informando-lhe da intenção de mudar o bloco, mas sem deixá-lo. Rachid concordou.
A Folha tentou ontem detalhar os contatos com a vice-chanceler uruguaia, Belela Herrera, autoridade diplomática mais graduada em Montevidéu enquanto Gargano está em Washington, mas ela não pôde atender.
Uruguai e Paraguai esperam com discrição os desdobramentos. Hoje, Vázquez concede entrevista na Casa Branca, após reunião de negócios com o presidente dos EUA, George W. Bush.
Uruguaios e paraguaios consideram o Mercosul, apesar de todas as restrições ao atual modelo, a fórmula adequada para fortalecer a região. Para ilustrar a crítica predominante ao bloco, a economista Dolores Benavente, assessora da Câmara de Comércio uruguaia, diz: ""O Mercosul é como uma família: o Brasil é o pai; a Argentina, a mãe; Uruguai e Paraguai, os filhos. Um pai não desautoriza uma mãe", disse.
O problema para o Uruguai é que seus contatos com EUA, Europa, Cuba, China e Índia podem inviabilizar sua presença no bloco. Aprovada há seis anos para evitar assédios, a Resolução 32 estipula que os membros plenos não poderão negociar acordos individualmente. Além disso, para deixar de ser membro pleno e passar a mero associado, o Uruguai precisa da concordância de Brasil, Argentina e Paraguai.
O fundamento legal para a eventual decisão de mudar para sócio está no artigo 21 do Tratado de Assunção. O artigo 22 completa: deve haver negociação de 60 dias para se concretizar a liberação do tratado, após o pedido.


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