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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Crise faz empresas revisarem processos, diz consultoria
Os anos de forte crescimento
fizeram com que as instituições
financeiras priorizassem aumento de receita, em detrimento da rentabilidade. Após
oito meses de crise, no entanto,
o cenário começa a mudar.
Bancos, seguradoras e outras
instituições estão indo além
das demissões e cortes simples
de despesas, como com viagens,
para melhorar profundamente
processos.
"Quando se está crescendo
30% ao ano, repensar estruturas pode implicar em perda de
oportunidade de crescimento",
diz Rodrigo Mendes, vice-presidente da consultoria
A.T.Kearney Brasil. "Agora, todos estão repensando seus modelos de operação."
Estudo recente da A.T.Kearney mostra que, com menos
produtos vendidos e serviços
prestados, o impacto da crise
sobre os custos das instituições
foi grande. A alta foi de 35% a
55% em marketing e vendas, de
15% a 25% em governança corporativa e tecnologia, de 5% em
desenvolvimento de produtos e
de 20% a 25% no "back office",
como é chamado o suporte às
operações financeiras.
Para minimizar as perdas, diz
Mendes, as instituições têm aumentado a terceirização de serviços como a gestão de máquinas de autoatendimento ou de
departamentos de concessão
de crédito imobiliário.
"Alguns pudores em terceirizar estão sendo deixados de lado quando as instituições passam a fazer contas e veem que
não faz sentido manter estruturas que não geram diferencial
competitivo."
Outra iniciativa é a redefinição de modelos para recuperação de empréstimos. Segundo
Mendes, as instituições começam a determinar com clareza
até que ponto querem manter o
relacionamento com o cliente,
para priorizar a recuperação
dos ativos. "Os processos de recuperação de crédito estão ficando mais estruturados."
Juro menor muda estratégia de fundo
A redução da taxa básica
de juro exige que os fundos
de pensão assumam riscos
maiores e busquem diversificar investimentos para atingir as metas de rentabilidade.
A afirmação é de Martin Glogowsky, presidente da Fundação Cesp.
Segundo ele, a Fundação
Cesp, que hoje tem 71% de
sua carteira aplicada na renda fixa (85% em títulos públicos), busca oportunidades
em debêntures e fundos de
private equity diante da redução da Selic.
O motivo é que, com a queda da Selic, que influencia diretamente a rentabilidade
dos títulos públicos, ficou
mais difícil atingir a meta
atuarial do fundo de pensão
-de cerca de 9% neste ano
(IGP-DI + 6%), de acordo
com Glogowsky. Segundo
ele, a própria redução da meta está em estudo no fundo.
EM OBRAS
Com investimentos de R$ 20 milhões, a C&C Casa e Construção vai inaugurar, nesta semana, em São Paulo, uma loja
sustentável, com características ecológicas. Os investimentos, que já estavam em curso no fim de 2008, antes do aprofundamento da crise, não foram alterados, segundo Jorge
Gonçalves Filho, diretor geral da C&C. "Sentimos a crise
sim, mas as medidas que o governo vem tomando estão segurando os negócios." Segundo Filho, os impactos positivos
da redução do IPI para material de construção são inegáveis,
mas demoram mais para aparecer. "Quando cai o IPI de
uma geladeira, o consumidor corre para comprar, mas na
construção não é tão imediato. A reação de quem quer construir, reformar, pintar, envolve mais tempo pois é preciso
planejar, consultar um arquiteto, um decorador."
FIM DA LINHA
O ciclo de flexibilização monetária do Banco Central está
prestes a ser interrompido, segundo a consultoria LCA, que
projeta para o ano só uma nova
redução de 0,5 ponto percentual na reunião do Copom de
junho. A expectativa é que esse
período seja seguido por uma
prolongada manutenção do juro básico em 9,75% ao ano. A
LCA leva em conta os indicadores de melhora da atividade
econômica recém-divulgados
na sua projeção. Para a consultoria, uma redução adicional
nos juros só será feita se a economia piorar, perspectiva que
considera menos provável.
ULTRASSOM
O Centro de Diagnósticos
Brasil investirá US$ 5 milhões
na compra de equipamentos
para exames médicos.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI
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