São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Crise faz empresas revisarem processos, diz consultoria

Os anos de forte crescimento fizeram com que as instituições financeiras priorizassem aumento de receita, em detrimento da rentabilidade. Após oito meses de crise, no entanto, o cenário começa a mudar. Bancos, seguradoras e outras instituições estão indo além das demissões e cortes simples de despesas, como com viagens, para melhorar profundamente processos.
"Quando se está crescendo 30% ao ano, repensar estruturas pode implicar em perda de oportunidade de crescimento", diz Rodrigo Mendes, vice-presidente da consultoria A.T.Kearney Brasil. "Agora, todos estão repensando seus modelos de operação."
Estudo recente da A.T.Kearney mostra que, com menos produtos vendidos e serviços prestados, o impacto da crise sobre os custos das instituições foi grande. A alta foi de 35% a 55% em marketing e vendas, de 15% a 25% em governança corporativa e tecnologia, de 5% em desenvolvimento de produtos e de 20% a 25% no "back office", como é chamado o suporte às operações financeiras.
Para minimizar as perdas, diz Mendes, as instituições têm aumentado a terceirização de serviços como a gestão de máquinas de autoatendimento ou de departamentos de concessão de crédito imobiliário.
"Alguns pudores em terceirizar estão sendo deixados de lado quando as instituições passam a fazer contas e veem que não faz sentido manter estruturas que não geram diferencial competitivo."
Outra iniciativa é a redefinição de modelos para recuperação de empréstimos. Segundo Mendes, as instituições começam a determinar com clareza até que ponto querem manter o relacionamento com o cliente, para priorizar a recuperação dos ativos. "Os processos de recuperação de crédito estão ficando mais estruturados."

Juro menor muda estratégia de fundo

A redução da taxa básica de juro exige que os fundos de pensão assumam riscos maiores e busquem diversificar investimentos para atingir as metas de rentabilidade. A afirmação é de Martin Glogowsky, presidente da Fundação Cesp.
Segundo ele, a Fundação Cesp, que hoje tem 71% de sua carteira aplicada na renda fixa (85% em títulos públicos), busca oportunidades em debêntures e fundos de private equity diante da redução da Selic.
O motivo é que, com a queda da Selic, que influencia diretamente a rentabilidade dos títulos públicos, ficou mais difícil atingir a meta atuarial do fundo de pensão -de cerca de 9% neste ano (IGP-DI + 6%), de acordo com Glogowsky. Segundo ele, a própria redução da meta está em estudo no fundo.

EM OBRAS
Com investimentos de R$ 20 milhões, a C&C Casa e Construção vai inaugurar, nesta semana, em São Paulo, uma loja sustentável, com características ecológicas. Os investimentos, que já estavam em curso no fim de 2008, antes do aprofundamento da crise, não foram alterados, segundo Jorge Gonçalves Filho, diretor geral da C&C. "Sentimos a crise sim, mas as medidas que o governo vem tomando estão segurando os negócios." Segundo Filho, os impactos positivos da redução do IPI para material de construção são inegáveis, mas demoram mais para aparecer. "Quando cai o IPI de uma geladeira, o consumidor corre para comprar, mas na construção não é tão imediato. A reação de quem quer construir, reformar, pintar, envolve mais tempo pois é preciso planejar, consultar um arquiteto, um decorador."

FIM DA LINHA
O ciclo de flexibilização monetária do Banco Central está prestes a ser interrompido, segundo a consultoria LCA, que projeta para o ano só uma nova redução de 0,5 ponto percentual na reunião do Copom de junho. A expectativa é que esse período seja seguido por uma prolongada manutenção do juro básico em 9,75% ao ano. A LCA leva em conta os indicadores de melhora da atividade econômica recém-divulgados na sua projeção. Para a consultoria, uma redução adicional nos juros só será feita se a economia piorar, perspectiva que considera menos provável.

ULTRASSOM
O Centro de Diagnósticos Brasil investirá US$ 5 milhões na compra de equipamentos para exames médicos.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI


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