FRANCESC PETIT


As agências brasileiras que sobrarem terão que se preparar para abrir suas matrizes em Miami, igualmente as multinacionais instaladas no Brasil transferirão suas sedes e seus principais talentos para lá também.
Miami já é a capital da América Latina. Muitas empresas estão saindo do Rio, São Paulo, Buenos Aires, Bogotá, Lima, Caracas, Santiago etc, alegando que na capital da Flórida é muito mais prático trabalhar, as ligações aéreas são mais fáceis tanto com países do Caribe como do Cone Sul, assim como Europa e Oriente e principalmente pertinho de seus bancos e acionistas. E, na verdade, Miami representa o meio do caminho entre o norte e o sul. É claro que existe uma visão protecionista das empresas globalizadas de se concentrarem nos Estados Unidos, de cada vez mais transformar Miami num grande centro de negócios do Hemisfério Sul, e também de controlar a comunicação e negócios hispano-americanos.
Isso fatalmente ocorrerá nos próximos anos, como aconteceu com o desaparecimento das grandes agências brasileiras. Depois foi o terrível alinhamento das contas globais que levou a uma batalha de taxas oferecendo vantagens só para conquistar contas e publicar as glórias nas colunas sociais e nas páginas dos principais jornais, com anúncios de página dupla, pisoteando a lei que regia a propaganda, tirando todas as possibilidades de capitalização das agências locais e beneficiando as estrangeiras que investem pouco e assim têm fartos lucros para mandar para suas matrizes.
Com tudo, quem sairá perdendo será o Brasil, a propaganda brasileira e principalmente os publicitários de hoje e do futuro, quando as grandes campanhas, os comerciais e os anúncios vierem prontos de Miami Beach. Assim, um conselho: vão se preparando e escolhendo o bairro para onde desejam mudar, pois certamente os preços de imóveis vão subir. São os tentáculos da globalização nos abraçando.