São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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FMI ainda não está satisfeito com medidas e empréstimo é dúvida /b>

MARCIO AITH
DE WASHINGTON


Diferentemente do que divulgou-se na Argentina nos últimos dias, o FMI (Fundo Monetário Internacional) não está totalmente satisfeito com as medidas adotadas no país e ainda não decidiu se vai dar início a negociações formais sobre um novo empréstimo com a equipe econômica do presidente Eduardo Duhalde.
O Fundo acredita que a Argentina cumpriu inadequadamente as três condições exigidas para a concessão de um novo empréstimo: o fim do curralzinho, a revogação da Lei de Subversão Econômica (que viabilizava a prisão de empresários e banqueiros acusados de crimes contra a ordem econômica) e um novo acordo de redistribuição de receitas tributárias com as Províncias.
Segundo o FMI, o governo argentino errou ao adotar a via optativa para a devolução das aplicações bloqueadas por meio de bônus. O Fundo queria a conversão compulsória dos depósitos presos em títulos do governo.
Quanto à Lei de Subversão Econômica, o Fundo acha que, por pressões políticas internas, o governo manteve no texto de outras leis criminais algumas das mesmas provisões que colocam medo em executivos estrangeiros.
Sobre o acordo com as Províncias, o FMI quer primeiro ver se ele funciona antes de comprometer-se com um novo empréstimo.
Essas ressalvas do FMI, feitas reservadamente por funcionários da instituição, indicam que, apesar dos esforços legislativos feitos por Duhalde nos últimos dias, a Argentina pode ainda estar longe de receber nova ajuda do Fundo.
A Argentina obteve ontem importantes apoios para começar a negociar com o FMI a liberação de empréstimo de US$ 9 bilhões.

Apoios
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias, e o ministro espanhol da Economia, Rodrigo Rato, defenderam o rápido envio de uma missão do Fundo ao país.
Mesmo assim, o presidente do Banco Central, Mario Blejer, não conseguiu marcar o início das negociações com o FMI.
O governo, que já atendeu ao Fundo e eliminou a Lei de Subversão Econômica e modificou a Lei de Falências, conseguiu ontem fechar o acordo com a Província de Tierra del Fuego. Agora, 12 dos 24 governadores já concordaram em reduzir o déficit fiscal em 60%.


Colaborou João Sandrini, de Buenos Aires

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